Iniciativa europeia integra tecnologia quântica nos supercomputadores da Alemanha e França, reforçando a liderança científica e industrial da Europa.
A Europa deu hoje um passo histórico no domínio da computação quântica com a inauguração dos processadores Jade e Ruby, integrados nos centros de supercomputação da Alemanha (FZJ) e da França (CEA). O evento, realizado em simultâneo na Alemanha, França e na sede da Comissão Europeia, marca um avanço crucial no projeto HPCQS (High-Performance Computing and Quantum Simulator hybrid), apoiado pela EuroHPC Joint Undertaking.
A integração dos dois processadores quânticos de última geração em ambientes de computação de alto desempenho (HPC) cumpre o objetivo traçado pela Comissão Europeia no Roteiro Digital 2030, que previa a existência, até 2025, do primeiro computador europeu com aceleração quântica. Trata-se de um passo fundamental para que, até 2030, a Europa consolide a sua posição na vanguarda mundial das tecnologias quânticas.
Fabricados pela empresa Pasqal, os novos processadores utilizam átomos neutros manipulados por lasers em geometrias programáveis, operando à temperatura ambiente e com baixo consumo energético — características que tornam esta tecnologia robusta, escalável e sustentável. A integração permitirá o desenvolvimento de algoritmos híbridos quântico-clássicos, aplicáveis a áreas como o design de baterias, descoberta de medicamentos, finanças e gestão de tráfego.
Segundo Kristel Michielsen, diretora do Centro de Supercomputação de Jülich e coordenadora do projeto HPCQS, “estamos a entrar numa nova fase em que a computação clássica e quântica evoluem em conjunto. Este é mais do que um feito técnico — é um novo paradigma para o futuro da ciência e da indústria”.
Os dois processadores, cada um com capacidade para controlar mais de 100 qubits, serão utilizados em demonstrações práticas com supercomputadores de classe Tier-0 da Europa. A infraestrutura híbrida HPCQS posiciona-se assim como pilar estratégico da Iniciativa Quantum Flagship, reforçando a soberania tecnológica e a liderança europeia num setor-chave para a próxima década.