A 14ª Cimeira Brasil-Portugal, realizada no passado dia 19 de fevereiro, na capital brasileira, Brasília, ficou marcada pela presença de diversas entidades dos dois países, além da assinatura de diversos acordos. Durante o evento, o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, discutiu com o primeiro-ministro português Luís Montenegro a cooperação bilateral em diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, economia e justiça, além de celebrar os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Um dos resultados do encontro foi o anúncio, pela ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade Lima, que pretende implantar um escritório da Fiocruz em Portugal.
“Um dos grandes avanços da nossa discussão foi termos um novo Memorando de Entendimento para o fortalecimento da cooperação na área da Saúde. Um dos pontos a serem tratados nesse novo acordo serão as bases para implantação do escritório da Fiocruz, ao lado de outras instituições brasileiras, em Portugal. O memorando será constituído por três dimensões: a colaboração bilateral, nosso papel junto à comunidade europeia e a cooperação no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, relatou a ministra.
O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, participou na mesa temática da Saúde, liderada por Nísia Trindade Lima e a ministra da Saúde de Portugal, Ana Paula Martins. Pontos de articulação estratégica da saúde e a importância da Fiocruz como uma representação do governo brasileiro nessas cooperações foram debatidos noutras duas mesas, de Ciência e Tecnologia, no Fomento à Pesquisa, e no tema de Desenvolvimento Económico, com possibilidade no campo da Inovação e Produção de Vacinas.
Ainda no Palácio do Planalto, o presidente da Fiocruz assinou quatro acordos de cooperação com instituições portuguesas. Os Memorandos de Entendimentos (MdE) envolvem instituições importantes no cenário internacional como as Universidades Nova de Lisboa e a de Coimbra, o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), o Atlantic International Research Centre (AIR Centre) e o Biocant Park, em áreas que vão da educação e saúde pública à tecnologia, inovação e produção de medicamentos.
Uma aliança estratégica entre a Fiocruz, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP, fruto de uma parceria entre a Fundação e o governo estadual), representado pelo diretor-presidente Pedro Ribeiro Barbosa e a Universidade NOVA de Lisboa, por meio da NOVA Medical School, representada pela diretora Helena Cristina De Matos Canhão, criará o Centro de Inovação em Saúde Global NOVA Fiocruz. Segundo fontes, “o novo centro estabelece um ambiente de inovação focado na democratização do acesso a tecnologias em saúde e no fortalecimento dos sistemas de saúde pública”.
O NOVA Fiocruz terá uma estrutura destinada ao ensino, pesquisa e inovação em saúde global e prevê projetos de pesquisa multidisciplinares, que promovam soluções tecnológicas para os desafios na saúde; formação académica e profissional, incluindo programas stricto e lato sensu; e a criação de parcerias para implementação de tecnologias sustentáveis. Entre as áreas principais de trabalho e pesquisa estão o fortalecimento dos sistemas de saúde universais, a resiliência para crises, a abordagem Saúde Única e a resistência antimicrobiana.
O centro atuará ainda como um hub que integrará os pilares de ensino, pesquisa e serviços de extensão à comunidade, além de lançar um Doutoramento em Inovação em Saúde Global, com possibilidade de dupla titulação pela Nova Medical School (NMS) e pela Fiocruz.
Outro dos Memorandos de Entendimento estabelece a cooperação entre a Fiocruz, o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), cujo objetivo é “cooperar nas áreas de intercâmbio, pesquisa em desenvolvimento tecnológico e inovação de produtos para a saúde”.
Com sede em Matosinhos, Norte de Portugal, o CEiiA é um centro que “procura o desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis”, com quem a Fundação já tinha parceria, por meio do IBMP, no laboratório colaborativo 4LifeLAB.
Ígor Lopes
