Portugal: Projeto para promover um Ensino Superior mais adaptado ao mercado de trabalho

Os primeiros resultados do projeto «Promover um Ensino Superior mais adaptado ao mercado de trabalho: rumo a um melhor sistema de projeção de competências», foram apresentados. Implementado em cooperação com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Comissão Europeia, o projeto tem como objetivo criar um sistema de antecipação e projeção das competências que o mercado de trabalho português necessita.

Esta antecipação permitirá um melhor ajustamento da oferta formativa do Ensino Superior ao mercado de trabalho e que os estudantes tomem decisões mais informadas, num contexto de rápidos desenvolvimentos tecnológicos e de mudanças nas necessidades de competências.

Portugal enfrenta escassez e desajustamento de competências, o que compromete áreas estratégicas para o país, como as relacionadas com a Educação, a Saúde e as transições verde e digital.

Cerca de 40% dos recém-diplomados têm qualificações acima das exigidas para o seu emprego, de acordo com o Eurograduate Pilot Survey 2022, afetando os resultados do mercado de trabalho, nomeadamente o crescimento da produtividade. 

Os estudos mostram ainda que cerca de 20% dos recém-diplomados cujas qualificações estão desajustadas ao emprego não conseguiram mudar para um trabalho mais adequado num período de oito anos, sofrendo uma penalização salarial persistente de cerca de 12%, face aos seus pares que têm, continuamente, as qualificações ajustadas ao emprego.

O projeto “Promover um Ensino Superior mais adaptado ao mercado de trabalho: rumo a um melhor sistema de projeção de competências” resulta de um pedido de apoio através do Instrumento de Assistência Técnica pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) à União Europeia e está a ser implementado pela OCDE, em cooperação com a Direção-Geral de Apoio às Reformas Estruturais da Comissão Europeia (DG REFORM). O projeto conta ainda com o envolvimento da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) e do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Nesta primeira fase, a OCDE analisou as ferramentas e práticas de projeção de competências existentes em Portugal no contexto do Ensino Superior e como os resultados dessas ferramentas são utilizados. Esta análise teve como base um inquérito realizado às instituições de ensino superior e entrevistas a peritos de diversas instituições portuguesas.

Das instituições de ensino superior que responderam ao inquérito, 41% reportam participar em exercícios de avaliação e antecipação de competências, uma prática que é mais comum entre universidades (53%) do que entre institutos politécnicos (32%). Dos exercícios liderados por instituições do ensino superior, 56% têm como foco a região da instituição de ensino superior e 44% têm âmbito nacional.

De acordo com a OCDE, estes exercícios – Infocursos, Brighter Future, Pordata, Eurograduate, observatórios de empregabilidade de graduados – apresentam várias desvantagens, estando focados apenas nas atuais necessidades do mercado de trabalho, carecendo de contributos de intervenientes do mercado de trabalho.

Estas desvantagens limitam a utilização destes exercícios em processos para os quais podem contribuir de forma muito significativa, nomeadamente na determinação de vagas dos cursos do Ensino Superior, na acreditação de cursos, na abertura de novas ofertas formativas, na orientação profissional e na escolha dos cursos e formação pelos jovens e adultos.

É para a melhoria destes processos que o novo sistema de projeção de competências pretende contribuir. A sua implementação ocorrerá tendo em conta as recomendações e o plano de ação que será proposto até ao final do projeto, previsto para julho de 2026.

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