O Presidente da União Africana (UA), João Lourenço, defendeu a aplicação de sanções severas contra aqueles que fomentam tensões e conflitos no continente africano. Durante um discurso em Adis Abeba, na Etiópia, sublinhou a necessidade de uma estrutura sólida de paz e segurança em África e apelou a uma maior responsabilização dos envolvidos em crises regionais.
Lourenço destacou que a problemática dos conflitos em África exige uma reflexão aprofundada por parte da UA, reforçando o papel do Conselho de Paz e Segurança na prevenção e resolução das disputas que afetam o continente.
Considerou, ainda, essencial, que a organização africana adote uma abordagem mais rigorosa, equiparada à da União Europeia e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, segundo afirmou, por vezes demonstram maior firmeza na gestão de crises africanas.
No seu discurso, o líder da UA expressou preocupação com o terrorismo, o extremismo violento e as mudanças inconstitucionais de governos eleitos, realçando ainda os conflitos na República Democrática do Congo (RDC) e no Sudão.
Referiu que, apesar de avanços positivos em algumas regiões, a situação no leste da RDC continua a evoluir de forma preocupante. Reiterou o compromisso de Angola em procurar soluções pacíficas e impedir qualquer tentativa de fragmentação territorial do país vizinho.
A Presidência angolana anunciou que Luanda acolherá, a 18 de março, negociações diretas entre as autoridades da RDC e os rebeldes do M23, no âmbito da mediação angolana para o conflito.
Relativamente ao Sudão, João Lourenço afirmou que pretende trabalhar em estreita colaboração com o Presidente ugandês, Yoweri Museveni, na busca de um diálogo construtivo que favoreça o cessar-fogo e a estabilidade na região.
O líder da UA enfatizou ainda a importância de encontrar soluções africanas para os desafios do continente, reforçando a necessidade de silenciar as armas e evitar que o tema dos conflitos continue a dominar as agendas da organização.
Ademais, propôs a realização de uma conferência de alto nível dedicada exclusivamente à análise das crises em África, com o objetivo de consolidar a paz como um direito inalienável dos povos africanos.