A tragédia climática no Rio Grande do Sul (RS), Brasil, que completou três meses dia 29 de julho, pode causar perdas de até 58 bilhões de reais, mais de 11 mil milhões de euros, no Estado afetado e 38,9 bilhões de reais, cerca de sete mil milhões de euros, em outros estados, totalizando perdas de 97 bilhões de reais, ou seja, mais de 19 milhões de euros, para a economia brasileira em 2024.
Os resultados são sustentados no relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do Brasil, divulgado recentemente. Esta entidade sublinha que o impacto potencial no PIB do estado pode chegar a 9,86%, com efeito até −1% no PIB brasileiro. A tragédia pode resultar na perda de 195 mil empregos no Rio Grande do Sul e 110 mil empregos em outros estados, totalizando 305 mil empregos, que equivale a 7,19% do stock de empregos formais no RS e 0,69% ao nível nacional.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, considera que “a reconstrução do Rio Grande do Sul exigirá esforços contínuos e investimentos substanciais para restaurar a economia e os empregos perdidos”. A tragédia tende a afetar a atividade económica, inflação e dinâmica fiscal de todo o país. O comércio, os serviços e o turismo sofrerão, caso medidas atenuantes não sejam implantadas. A indústria, relevante na transformação de máquinas, produtos químicos e veículos, também será afetada.
O estudo avaliou uma perda diária equivalente a 31,5% do valor previsto para maio. A infraestrutura e o abastecimento foram afetados, resultando numa queda de 28% no fluxo de veículos de carga nas estradas. O RS representa 7% do volume de vendas no varejo brasileiro. As perdas no comércio podem chegar a 5% da faturação de 2023.
No turismo, há a expectativa de perdas superiores a milhões de euros. O Rio Grande do Sul foi responsável por 6% do faturação do turismo no Brasil, em 2023. A infraestrutura de transporte comprometida é um grande risco, com a interrupção do fluxo de turistas, por conta do fechamento do aeroporto de Porto Alegre e rodovias afetadas.
Para reduzir os efeitos, o governo federal anunciou um pacote de apoio ao Rio Grande do Sul. O Estado, que é um grande produtor agrícola, responsável por cerca de 6% do PIB estadual, com a produção de arroz representando 1%, avalia necessitar de um grande montante para reconstruir a sua infraestrutura. No entanto, conforme o estudo, esses esforços precisam ser complementados com a preservação dos empregos, acesso ao crédito e o alívio tributário, que se desdobram em vários pontos a serem realizados.
“A rápida implementação das medidas de auxílio é muito importante para evitar efeitos prolongados e danos adicionais à economia gaúcha e à brasileira como um todo”, ressaltou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, que avaliou que “as estimativas da Confederação têm o objetivo de orientar a retomada económica do RS e minimizar os impactos negativos da tragédia climática”.
O presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac-RS e o segundo vice-presidente da CNC, Luiz Carlos Bohn, sustentou a necessidade de medidas fortes para superar a tragédia histórica ocorrida no Rio Grande do Sul.
“Muita infraestrutura e muito capital privado de famílias e empresas foram destruídos. Para amenizar as perdas futuras, é necessário auxiliar todos que foram atingidos direta e indiretamente no Estado e, fundamentalmente, garantir que isso jamais se repita nas proporções vistas recentemente”, finalizou Bohn.
Ígor Lopes