Uma megaoperação policial desencadeada na manhã de terça-feira, 28 de outubro, no Rio de Janeiro, deixou pelo menos 60 pessoas mortas, incluindo quatro agentes das forças de segurança. A acção, considerada uma das maiores já realizadas no Estado do Rio de Janeiro, visou zonas controladas pelo grupo criminoso Comando Vermelho (CV) no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha, na zona norte da cidade.
De acordo com o governo estadual fluminense, estima-se que mais de 2.500 agentes das polícias Militar e Civil estão a participar na operação, apoiados por veículos blindados.
O número de troca de tiros, barricadas erguidas por traficantes, viaturas incendiadas e a alegada utilização de drones armadilhados levou as autoridades a declarar que o combate já não se trata apenas de criminalidade comum, mas de “narcoterrorismo”.
Segundo apurámos, além das cerca de 60 mortes, foram detidas mais de 80 pessoas. Fontes indicam que foram apreendidas armas automáticas em grande número, mais de 40.
A operação interrompeu rotinas em dezenas de escolas e unidades de saúde nas regiões atingidas, com acessos rodoviários bloqueados e moradores em situação de confinamento temporário devido aos confrontos.
Especialistas e organizações de direitos humanos alertam que este episódio reacende questões sobre o modelo de segurança pública no Brasil. Para estes observadores, embora o alvo seja o crime organizado, o elevado número de mortes, incluindo civis não diretamente envolvidos, coloca sob escrutínio os métodos de intervenção.
A magnitude da operação e o momento em que decorre, pouco antes de eventos internacionais importantes serem realizados na cidade, colocam-na como um marco daquilo que se está a definir como “guerra urbana” das favelas do Rio de Janeiro.
Em declarações à nossa reportagem, populares consideram a ação necessária para combater o crime organizado que tem “tomado de assalto” diversos setores da sociedade.
“Temos medo, estamos hoje em casa, alguns serviços foram interrompidos e estradas cortadas. Mas é preciso dar um basta nesta situação”, sublinhou Ana Pereira, lusodescendente residente no Rio.
Ígor Lopes