São Paulo, a maior cidade brasileira, vai contar com um escritório comercial do governo da Tunísia, com o objetivo de “otimizar as atividades de promoção comercial no Brasil e a assistência consular oferecida à comunidade tunisina baseada na capital paulista”.
O espaço será instalado num edifício da Avenida Paulista, principal artéria da cidade, com atividades comerciais desenvolvidas e apoiadas pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
O escritório amplia a rede de representação consular e diplomática da Tunísia no Brasil, com quem o país africano iniciou relações em 1966, a partir da abertura da embaixada em Brasília e a constituição nos anos seguintes de uma rede de cônsules honorários em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, para conduzir atividades de promoção comercial.
“O objetivo do novo escritório é fortalecer a cooperação existente entre Tunísia e Brasil em bases ganha-ganha”, disse o embaixador do país no Brasil, Nabil Lakhal, durante a assinatura do documento. Este responsável explicou ainda que o escritório não vai substituir os cônsules honorários, que seguirão atuando sob coordenação da embaixada tunisina, inclusive em Santa Catarina, que terá um cônsul nomeado nos próximos meses.
Lakhal disse esperar que o novo escritório facilite a inserção de produtos da Tunísia no Brasil, equilibrando o comércio com o país. As trocas comerciais entre Brasil e Tunísia fecharam o ano passado em mais de 447 milhões de dólares, avanço de quase 1 % face ao ano anterior, com ampla vantagem para o lado brasileiro, que exportou mais de 379 milhões de dólares para o país africano e adquiriu bens no valor de cerca de 63 milhões de dólares.
Lakhal lembrou que a Tunísia já é um importante fornecedor de azeites e tâmaras para o Brasil, com empresas tunisinas ganhando cada vez mais projeção no mercado nacional, a partir de ações em feiras supermercadistas, entre elas a Apas Show, em São Paulo. Na edição deste ano, a feira recebeu seis expositores tunisinos exportadores de azeite, tâmara e tomate seco.
O embaixador da Tunísia disse que há potencial para ampliar a cooperação no segmento de fertilizantes necessários à produção agropecuária, sobretudo os do tipo fosfatado, abundantes naquele país e os únicos capazes de corrigir deficiências do solo do Cerrado. Em 2023, o Brasil importou 40,91 milhões de toneladas de fertilizantes para complementar a oferta nacional, das quais a Tunísia forneceu apenas 30 mil toneladas, volume 53% menor em relação ao embarcado em 2022.
Nabil Lakhal reconheceu que a queda nos embarques decorreu de problemas já resolvidos e assegurou que a Tunísia está pronta para retomar o fornecimento. Segundo o diplomata, em junho, a sua embaixada e a Câmara Árabe-Brasileira vão realizar uma missão ao país africano com empresas brasileiras e representantes do governo para discutir uma nova cooperação para assegurar a oferta estratégica de fertilizantes ao Brasil.
“Será uma oportunidade para retomarmos a cooperação”, afirmou, reforçando que “a Tunísia é reconhecida por produzir um dos melhores fertilizantes fosfatados do mundo, como atestam clientes na Europa e na Ásia. Além disso, a produção é realizada por empresas estatais, que têm condições de efetivar contratos com grande previsibilidade e segurança jurídica”.
Outra expetativa é que o escritório comercial da Tunísia, em São Paulo, ajude as empresas brasileiras com planos de internacionalização no qual o país africano seja visto como uma plataforma de exportações capaz de aceder a mercados relevantes nas proximidades.
Com a União Europeia, a Tunísia tem um acordo de livre comércio firmado em 1995, que dá ao país africano acesso privilegiado a um mercado de 500 milhões potenciais consumidores, com rendimento per capita entre as maiores do mundo.
O escritório da Tunísia, em São Paulo, deve ainda facilitar a inserção de empresas brasileiras em mercados da África, por estar integrado na rede de 12 representações diplomáticas que o país mantém no continente.
Ígor Lopes