Na cerimónia de homenagem aos membros do Governo de Transição, realizada em celebração aos 50 anos da Independência de Cabo Verde, o Presidente da República, José Maria Neves, destacou a coragem, generosidade e ousadia dos “jovens de 1974”.
Segundo o Chefe de Estado, esses heróis enfrentaram condições adversas, como seca prolongada, insegurança alimentar e pobreza extrema, ao lutarem pela autodeterminação e construção de um Cabo Verde soberano.
“Em 1975, mobilizamos o país para a construção nacional. Hoje, enfrentamos novos desafios e é tempo de convocar a juventude cabo-verdiana para enfrentar os tempos pós-modernos”, afirmou José Maria Neves, frisando que a mesma determinação de outrora deve inspirar as gerações atuais.
O Presidente exaltou o papel histórico do Governo de Transição, que, constituído por um acordo entre Portugal e o PAIGC, assumiu a difícil tarefa de liderar o país rumo à Independência. Ele recordou a posse do governo em dezembro de 1974, com a responsabilidade de conduzir o processo eleitoral que culminou, em 5 de julho de 1975, com a proclamação da Independência.
Durante o evento, foi reconhecido o papel dos antigos ministros e secretários do Governo de Transição, muitos dos quais continuaram a servir o país em altos cargos de governação no período pós-independência. Entre eles, destacam-se Carlos Reis, que atuou como Ministro da Justiça e dos Assuntos Sociais, acumulando funções, e Manuel Faustino, que assumiu o Ministério da Educação e Cultura. O Presidente enalteceu, ainda, os feitos de outros dirigentes da época, como David Hopffer Almada, Corentino Santos, Osvaldo Sequeira e Adriano Lima.
José Maria Neves também sublinhou o progresso de Cabo Verde ao longo de cinco décadas, destacando avanços significativos em áreas como educação, saúde e modernização de infraestruturas. “Temos hoje um país que funciona, com instituições políticas e económicas inclusivas, onde os direitos fundamentais são respeitados e a justiça é independente”, afirmou.
No entanto, o Presidente alertou que ainda há um longo caminho a percorrer. Ele apelou à juventude para liderar os esforços de desenvolvimento sustentável, enfrentando desafios contemporâneos como mudanças climáticas, conflitos globais e desigualdades.
“Precisamos mobilizar todas as competências nacionais, nas ilhas e na diáspora, num grande pacto nacional de desenvolvimento. Só com confiança, vontade férrea e uma esperança inquebrantável num futuro melhor poderemos construir o Cabo Verde moderno, próspero e justo que almejamos para 2075”, concluiu.
A cerimónia destacou não apenas a memória histórica dos que lutaram pela Independência, mas também serviu como um chamado às novas gerações para que continuem o legado de construir um Cabo Verde resiliente e ambicioso, em busca de um futuro de oportunidades para todos.