A Região da África Austral tem sido ainda a mais afectada pela cólera com maior incidência para a República Democrática do Congo, Maláui, Moçambique, Zimbábué e Zâmbia. Entre janeiro e março do anos passado registaram-se quatro mil óbitos, segundo dados divulgados na passada segunda-feira em Maputo.
O Representante Adjunto da UNICEF Moçambique, Yannick Brand, afirmou que desde o ano 2022 o mundo está a registar um aumento preocupante da cólera e de doenças de origem hídrica, em grande parte alimentado pelas alterações climáticas. Só na região de África Oriental e Austral foram notificados mais de 300 000 casos e 5000 mortes em 14 países.
“Embora as tendências regionais da cólera mostram sinais de estabilização, o número de casos continua sendo elevado na África austral, o que realça e necessidade de intervenções especificas”, advertiu.
Aquele quadro da UNICEF, que discursava em Maputo na Primeira Conferência sobre Transdisciplinaridade para Eliminação da Cólera, realizada nos dias 29 e 30 de julho, apontou também a necessidade de melhorar as infraestruturas de água e saneamento e comunicação para combater a desinformação.
“As mudanças climáticas estão a acelerar o risco da cólera e consequentemente deteriorar o nível de saúde e bem-estar e sobrevivência das comunidades vulneráveis. Responder surtos de cólera num contexto desafiador, o aumento da desinformação e rumores sobre cólera está dificultar a adaptação de práticas de saúde preventivas por parte da comunidade.”, referiu Brand.
De acordo com o representante do UNICEF é preciso por um lado investir mais do que tem sido projectado, “Entendemos que para resolver essa situação são necessários esforços e investimentos adicionais em estratégias multi sectoriais de controlo e prevenção da cólera entre elas está priorizar melhorar as infra-estruturas de água e saneamento nos principais focos de surto ,como também dar respostas comunitárias, melhorar a preparação ao nível da unidade sanitária, ao nível das comunidades e temos que reforçar a comunicação sobre os riscos e envolvimento da comunidade e a vacinação preventiva”.
No caso de Moçambique, que acolheu a Conferência, 38 pessoas morreram de cólera entre 16 mil casos diagnosticados de outubro de 2023 à julho deste ano, conforme anunciado pelo Primeiro ministro Adriano Maleane.