O maior grupo da oposição no Burundi confirmou que vai boicotar as conversações de paz que se iniciam hoje na Tanzania, uma decisão que acaba com as esperanças de terminar a violência política que tem assolado o país desde 2015.
Na origem dos conflitos está o anúncio do presidente Pierre Nkurunziza de que iria concorrer para um terceiro mandato presidencial, algo que a Oposição afirmava estar em violação da constituição. O presidente acabou por vencer as eleições, mas os protestos que se seguiram provocaram a morte de mais de 700 pessoas e 400 mil refugiados.
Na sequência dos conflitos, o Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu uma investigação à actuação das forças de segurança do Governo. No entanto, o Burundi retirou-se do TPI e recusa reconhecer a investigação em curso.
No final de outubro, o Governo do Burundi adoptou legislação com vista a alterar a constituição, de forma a permitir que Nkurunziza concorra a um quarto mandato presidencial. A legislação deve ser apresentada em referendo no próximo ano, e tem como objectivo abolir o limite de dois mandatos presidenciais e aumentar cada um deles para sete anos.