Acompanhar os que vivem nos lugares mais remotos dos Andes é um desafio no Peru

Na Diocese de Tacna e Moquegua, que cobre uma vasta área na região do Altiplano, entre os Andes e o Lago Titicaca, vivem muitas pessoas em zonas muito remotas. Chegar a todos é um dos maiores desafios que se colocam ao Bispo D. Marcos Antonio Cortez, que agora tem a Fundação AIS ainda mais perto de si. Em Abril, a fundação abriu um escritório neste país que depende, para já, do secretariado existente na Colômbia.

Vista ao longe, a serra é imponente. Mas quem a olha assim, à distância, não consegue ver as pessoas que vivem por lá, por vezes em lugares remotos onde só se chega com muita paciência e cansaço. Esse é um dos trabalhos de um punhado de irmãs e religiosos da diocese de Tacna e Moquegua.

O serviço aos fiéis que vivem isolados na montanha ou nas margens do Lago Titicaca é essencial e o bispo, D. Marcos Cortez, não regateia elogios a estes missionários que tornam a Igreja próxima de quem vive longe. “Todos eles fazem um trabalho louvável: trabalham com os jovens e fazem trabalhos de caridade, por exemplo, entregando alimentos e cuidando dos idosos: há muitos idosos abandonados nesta região”, explicou o prelado durante uma visita à sede internacional da Fundação AIS, em Königstein, na Alemanha.

São trinta irmãs e quatro religiosos. Todos eles dedicam o seu tempo a esta missão, à oração e ao cuidado dos fiéis que vivem muitas vezes quase que isolados. A geografia da região torna este trabalho muito duro, exigente mesmo.

Um autêntico desafio. “O maior desafio é estar lá e acompanhá-los. Quem reside nestes locais raramente tem a oportunidade de ser visitado por um padre, que muitas vezes só tem oportunidade de vir uma vez por ano. Há locais que só se chega de barco, as irmãs fazem-no, para apoiar estas pessoas para que, pelo menos, possam fazer a adoração eucarística.”

Esta situação de isolamento que afecta tantos idosos é explicada também pela situação económica difícil. Os mais novos partem para as cidades à procura de trabalho e os mais velhos ficam, muitas vezes, entregues a si próprios. “Os jovens vão às cidades em busca de trabalho e oportunidades e os
idosos ficam nestas zonas isoladas, onde ir visitá-los é muito complicado e onde vivem cada vez menos pessoas”, acrescenta o Bispo.

O APOIO AOS MIGRANTES

O apoio aos que vivem longe não é o único grande desafio da diocese. Tacna e Moquegua faz fronteira com a Bolívia e o Chile, e é, por isso, uma região de acolhimento para imigrantes destes dois países e também da Venezuela. “A imigração cresceu consideravelmente no Peru nos últimos anos”, explica o Bispo. “Muitos migrantes encontram o seu primeiro lugar de descanso em Tacna antes de decidirem ficar ou continuar para cidades como Lima ou Arequipa”, acrescenta.

Estima-se que, no final de 2023, cerca de 1,6 milhões de venezuelanos viverão no Peru, segundo a Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes, isto, claro, sem contar com as pessoas provenientes de outros países. No entanto, nas palavras de D. Alvaro Cortez, pode-se inferir que este número poderá ser ainda maior, pois “nem todos os migrantes se registam e a maioria está em
situação de vulnerabilidade”.

“Os venezuelanos que vêm para cá em busca de emprego e de uma vida melhor têm histórias incríveis. Muitos vieram caminhando, atravessando montanhas. Muitas famílias chegam com crianças pequenas, por isso a pastoral familiar também é importante”, acrescenta. Ao longo do tempo tem-se verificado uma
integração destes migrantes na vida local e na vida da própria Igreja. “Há muitas famílias já integradas e com trabalho, há muitos catequistas entre os venezuelanos. Eles dedicaram-se à evangelização”, observa o Bispo.

FUNDAÇÃO AIS EM LIMA

Para fazer face a todos os desafios que se colocam à Diocese, a ajuda da Fundação AIS tem-se revelado essencial. E D. Alvaro Cortez faz questão de o dizer e de agradecer essa solidariedade. “A ajuda da AIS é essencial e profundamente integradora. Sentimos os benfeitores próximos. O seu apoio vai além do aspecto financeiro. É outra forma de estar perto de nós. As pessoas reconhecem esse gesto, é muito bonito.”

Sinal claro dessa proximidade, desde Abril que a Fundação AIS abriu um escritório também no Peru que depende, para já, da estrutura já existente na Colômbia. Situado em Lima, a capital do Peru, este espaço será um ponto de apoio também para os cerca de 50 projectos que a AIS desenvolve no país.

Juan Pablo de la Guerra, coordenador deste novo secretariado, explica como tudo aconteceu. “Há algum tempo que, através do secretariado da AIS Internacional, lançámos uma campanha
digital em vários países da América do Sul para atrair benfeitores dispostos a ajudar nesses projectos e para que possam colaborar com os pedidos de ajuda destes religiosos e religiosas”. E o país que mais
cresceu nestas campanhas digitais foi o Peru. Daí, ter-se tomado a decisão de abrir um escritório regional que dependerá da Fundação AIS da Colômbia.

Juan Pablo explica também um pouco como a AIS tem vindo a cativar novos benfeitores. “Quando
uma pessoa se aproxima e diz que gostaria de ajudar nestes projectos existem várias formas para o poder fazer: a primeira e mais importante é poder contribuir com algum dinheiro, porque com este dinheiro podemos financiar todas essas coisas. Mas também, se alguém quiser oferecer o seu tempo, ser voluntário, também pode ser feito. Aquilo que habitualmente costuma fazer a AIS é ir às paróquias, encontrar as pessoas, dar a conhecer a missão e assim, pouco a pouco, as pessoas ficam informadas e então começam a rezar pelo nosso trabalho ou contribuem”, explica o responsável pelo novo escritório da AIS em Lima, no Peru.

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