Um estudo internacional revelou que a radioterapia não melhora a sobrevivência a longo prazo em certas mulheres com cancro da mama em fase inicial e risco intermédio, sugerindo que o tratamento pode ser dispensado em alguns casos.
A investigação, publicada na revista New England Journal of Medicine, acompanhou mais de 1.600 doentes durante quase dez anos. As mulheres que fizeram radioterapia após mastectomia apresentaram taxas de sobrevivência semelhantes às que não a realizaram — 81,4% contra 81,9%, respetivamente.
Apenas 1,1% das doentes tratadas com radioterapia registou recidiva local, face a 2,5% no grupo sem tratamento adicional. Para os investigadores, estes dados mostram que o benefício é limitado e que muitas mulheres poderão evitar os efeitos secundários da radiação, como dor, irritações cutâneas e inflamações pulmonares.
Os autores defendem que as recomendações clínicas devem ser ajustadas, reservando a radioterapia para casos de maior risco. “Evitar irradiação desnecessária reduzirá a carga do tratamento e os efeitos adversos”, afirmou Nicola Russell, oncologista e coautora do estudo.
Os especialistas sublinham que os avanços nos tratamentos sistémicos, como a quimioterapia e a hormonoterapia, têm contribuído para uma redução constante da mortalidade por cancro da mama na Europa.