O Banco Central Europeu (BCE) decidiu ontem reduzir a sua taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, fixando-a em 2,25%. Trata-se do sétimo corte no espaço de um ano, refletindo a crescente preocupação com o impacto das tensões comerciais globais no crescimento económico da zona euro.
As novas taxas — aplicáveis a partir de 23 de abril — passam a ser de 2,25% para a facilidade permanente de depósito, 2,40% para as operações principais de refinanciamento e 2,65% para a cedência de liquidez.
Num comunicado, o BCE justificou a decisão com a “deterioração das perspetivas de crescimento” e afirmou que o processo de desinflação “segue em linha com as expectativas”.
A inflação na zona euro abrandou para 2,2% em março, enquanto a inflação subjacente caiu para 2,4%, o valor mais baixo desde o início de 2022.
A medida surge num contexto de crescente incerteza internacional, marcado pelas tarifas impostas pelos EUA sob a liderança de Donald Trump.
Washington aplicou recentemente taxas de 10% sobre as exportações da UE e ameaça novas tarifas de 20%, além de manter tarifas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis.
Este ambiente de instabilidade levou os economistas a rever em baixa as previsões de crescimento para a zona euro, antecipando uma expansão de apenas 0,5% em 2025.
A médio prazo, a expectativa de recuperação permanece, mas com projeções mais cautelosas devido à natureza imprevisível da política comercial norte-americana.
Apesar de as tarifas poderem impulsionar os preços, vários analistas apontam que o efeito global poderá ser deflacionário para a Europa, devido à queda no consumo, ao redirecionamento do comércio e à valorização do euro face ao dólar, que torna as importações mais baratas.