Uma proposta do presidente do Parlamento dos Países Baixos, Martin Bosma, sugerindo a divisão da Bélgica entre os Países Baixos e a França, gerou indignação no seio da sociedade e da classe política belga. A ideia foi partilhada em fevereiro, durante um jantar informal com o embaixador francês em Haia, mas só recentemente se tornou pública.
Bosma terá afirmado que Flandres poderia unir-se aos Países Baixos, enquanto a Valónia se integraria em França. Vários dos presentes na reunião ficaram surpreendidos com a sugestão, tendo o embaixador francês tentado suavizar o tom da conversa.
Bosma, ligado ao partido de extrema-direita PVV, não negou as declarações, indicando apenas que “em encontros como este, fala-se de política e de cenários possíveis”.
A proposta reacendeu um debate sensível na Bélgica, um país historicamente dividido entre a Flandres neerlandófona e a Valónia francófona. A estação RTL considerou a ideia “surrealista” e questionou o futuro de Bruxelas, cidade que acolhe instituições europeias e internacionais.
A divisão da Bélgica é há muito defendida por setores ultranacionalistas nos Países Baixos, que propõem a criação de um “Grande Países Baixos” incluindo Flandres.
O líder do PVV, Geert Wilders, já expressou essa ambição em várias ocasiões.
Bart De Wever, atual primeiro-ministro belga e líder do partido nacionalista flamengo N-VA, manifestou no passado simpatia por uma possível união com os Países Baixos.
No entanto, nos últimos anos, tem adotado uma posição mais prudente, salientando as afinidades culturais, mas afastando a hipótese de uma reunificação no curto prazo.
O governo belga foi recentemente formado após sete meses de negociações complexas, envolvendo partidos das duas principais regiões linguísticas.
A coligação concentra-se agora em resolver desafios económicos e na aprovação do orçamento de 2025.