Um novo relatório global divulgado esta sexta-feira, 16 de maio, revela que a insegurança alimentar aguda e a desnutrição infantil continuam a aumentar pelo sexto ano consecutivo nas regiões mais frágeis do mundo.
Segundo o Relatório Global sobre Crises Alimentares (GRFC), mais de 295 milhões de pessoas em 53 países e territórios enfrentaram fome aguda em 2024 — quase 14 milhões a mais do que no ano anterior. Destes, 1,9 milhão de pessoas encontram-se em situação de fome catastrófica, o nível mais grave de insegurança alimentar, atingindo o recorde desde o início da monitorização em 2016.
Os principais fatores apontados para esta escalada dramática são os conflitos armados, os choques económicos, os eventos climáticos extremos e o deslocamento forçado. Regiões como Gaza, Sudão, Mali e Iémen registam níveis alarmantes de desnutrição infantil, enquanto cerca de 95 milhões de pessoas deslocadas à força vivem em países com crises alimentares graves.
O relatório denuncia também o impacto do corte no financiamento humanitário, agravando ainda mais a situação já precária de milhões de pessoas.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, classificou os dados como uma “falha da humanidade”, apelando a uma reinicialização ousada para quebrar o ciclo de fome crónica. A Rede Global Contra Crises Alimentares recomenda não apenas a ampliação da ajuda de emergência, mas também investimentos em sistemas alimentares locais e serviços integrados de nutrição, com foco na resiliência das comunidades vulneráveis. Sem uma mudança decisiva de estratégia e de financiamento, a fome extrema tende a persistir em 2025.