O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, apelou esta semana a um acesso imediato às instalações nucleares iranianas atingidas pelos ataques surpresa dos EUA no fim de semana, classificando os danos como “muito significativos”. O pedido foi feito durante a reunião do Conselho de Governadores da agência, num contexto de intensa escalada militar entre Irão, Israel e EUA.
Entre os locais atingidos está a instalação subterrânea de Fordow, usada pelo Irão para enriquecer urânio a níveis superiores a 60%, muito acima do limite de 3,67% permitido pelo Acordo Nuclear de 2015. Crateras visíveis no local sugerem o uso de munições penetrantes de alta potência, compatíveis com os relatos dos ataques dos EUA.
A AIEA destacou que os riscos à segurança vão além da radiação: instalações como Isfahan usam compostos altamente tóxicos, como o hexafluoreto de urânio (UF₆), que, em caso de liberação, pode causar contaminações químicas locais graves. Embora a central nuclear de Bushehr continue intacta, Grossi alertou que qualquer ataque a reatores ativos pode provocar uma catástrofe regional.
O conflito já causou mais de 400 mortos no Irão e 25 em Israel, além de milhares de feridos. Populações civis relatam escassez de alimentos, cuidados médicos e fuga em massa de regiões urbanas. A ONU e a AIEA alertam que ações militares contra infraestrutura nuclear representam violação do direito internacional e ameaçam a segurança global.