Este sábado à tarde, um campo de futebol em Majdal Shams, cidade situada nos Montes Golã, foi atingido por um míssil que matou 11 crianças entre os 8 e 14 anos de idade, causando ainda dezenas de feridos graves, num cenário de caos e devastação sangrenta. Israel prontamente acusou o Hezbollah da autoria da explosão, embora o grupo xiita tenha negado qualquer envolvimento.
Este incidente devastador ocorreu durante operações militares do Hezbollah em retaliação a ataques israelitas na zona de Kfar Kila, sul do Líbano, que resultaram nas mortes de 4 dos seus combatentes. Apesar das acusações por parte do governo de Benjamin Netanyahu, que antecipou o retorno a Israel por algumas horas, após visita em Washington onde se reuniu com o executivo de Joe Biden, não há ainda provas conclusivas de que a explosão em Majdal Shams foi intencional.
Há ainda especulações de que a explosão tenha sido resultante da queda um míssil israelita usado para interceptar ataques do Hezbollah que terá caído no campo de futebol.
O governo libanês apela para o fim de todas as hostilidades entre Israel e o Hezbollah e que uma investigação detalhada seja efectuada para apurar a causa da tragédia em Majdal Shams. Tanto o Primeiro-Ministro libanês Najib Mikati como o Presidente do Parlamento Nabih Berri condenaram o sucedido e manifestaram repúdio por qualquer morte civil.
Entretanto, o líder Druso libanês Walid Joumblatt ofereceu condolências ao povo de Majdal Shams, cidade cuja população é predominantemente Drusa, grupo etno-religioso presente em diversos países, inclusive fora do Médio Oriente, nos Montes Golã, área invadida por Israel em 1967 e anexada ilegalmente desde 1981. Joumblatt realçou ainda que o facto do Hezbollah ter negado responsabilidades no ‘ataque’ poderá indicar que Israel estará a usar o sucedido como pretexto para escalar o conflito e justificar uma invasão no Líbano.
Netanyahu, que descreveu os acontecimentos de sábado à tarde como o pior ataque contra Israel desde o dia 7 de Outubro do ano passado, vai reunir-se com o seu executivo às 16:00 de Domingo para decidir os próximos passos a serem tomados, que poderão incluir ataques devastadores contra o território libanês para lá das zonas fronteiriças. O Ministro das Finanças israelita Bezalel Smotrich apelou ainda ao assassínio de Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, como vingança por aquilo que aconteceu em Majdal Shams.
Entretanto, na madrugada de Domingo, foram registadas ofensivas militares de Israel por via aérea contra os subúrbios de Tiro, cidade no sul do Líbano, e incursões de caças israelitas na região do Vale de Bekaa, possivelmente parte da contra-ofensiva temida pelos residentes libaneses.
João Sousa, e-Global