Oito pessoas, incluindo uma criança de apenas sete anos de idade, decidiram escalar a montanha Ben Nevis, a mais alta do Reino Unido, como ação de sensibilização para o trabalho realizado pela Fundação AIS e para a urgência do apoio à Igreja em países como a Nigéria ou Índia. A imaginação dos benfeitores e amigos da Ajuda à Igreja que Sofre não tem limites. Há quem recolha latas de refrigerantes, quem faça obras de artesanato e até quem se lance em duras provas de atletismo. Tudo para ajudar os cristãos perseguidos no mundo.
Duas famílias, os Rozario e os Pampackal, enfrentaram fortes chuvas e ventos particularmente frios no início de Setembro durante a subida ao topo da montanha mais alta das Ilhas Britânicas, a fim de, com esse gesto, arrecadarem fundos para a Fundação AIS. As oito pessoas, incluindo crianças pequenas, uma delas com apenas sete anos de idade, decidiram escalar até ao topo do Ben Nevis, que tem 4,413 pés de altitude, cerca de 1.340 metros, enfrentando temperaturas de apenas três graus acima de zero, com chuva e ventos intensos, angariando cerca de 1.800 libras, sensivelmente 2.110 euros, para a Ajuda à Igreja que Sofre.
Aloma Pampackal, a organizadora da iniciativa de angariação de fundos, explicou ao secretariado britânico da fundação pontifícia que estas pessoas fizeram esta caminhada montanha acima “com o propósito” de ajudar os cristãos perseguidos no mundo, nomeadamente na Nigéria e na Índia, dois dos países que a AIS mais tem procurado ajudar ao longo dos últimos anos. Não foi fácil.
A caminhada começou cedo, pelas 8:30 da manhã, mas as dificuldades só começaram a aparecer mais tarde, “à medida que subíamos”, contou Pampackal. Dificuldades relacionadas essencialmente com as condições meteorológicas. “Uma névoa espessa foi-se formando e ventos fortes de até 90 km por hora sopravam no ar. Para tornar as coisas mais desafiadoras, começou também a chover, o que deu outra camada de dificuldades às condições já difíceis.”
Ao fim de algumas horas de caminhada, o grupo solidário chegou finalmente ao cume do Ben Nevis, o que deu a todos “uma mistura de alívio e orgulho, embora o frio intenso e a neblina significassem que não poderíamos ficar muito tempo por ali”. Mais do que uma escalada à montanha mais alta do Reino Unido, estas duas famílias ajudaram a dar a conhecer a missão de todos os dias da Fundação AIS e a importância dos gestos solidários para com os cristãos perseguidos no mundo. “Esta escalada testou a nossa resistência e fé, e somos profundamente gratos pelas orações e apoio que nos ajudaram a superar tudo isso. Estamos todos ansiosos por continuar a ajudar os mais necessitados através da AIS”, acrescentou.
UMA CORRIDA SOLIDÁRIA
Tal como esta família britânica, um pouco por todo o mundo há quem se aventure em caminhos incomuns só para ajudar a Fundação AIS. Sílvia Duarte, uma cabeleireira portuguesa, realizou em Maio deste ano uma dura prova de atletismo para apoiar os cristãos perseguidos em Cabo Delgado, a região de Moçambique atormentada desde 2017 por grupos terroristas que afirmaram a sua lealdade para com o Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico.
Ela não correu por nenhuma equipa, nem para bater nenhum recorde, mas apenas com esse propósito muito específico de chamar a atenção do mundo para a crise humanitária que se vive neste país africano de língua oficial portuguesa. E conseguiu, com o seu gesto, angariar mais de 5 mil euros.
No final da prova, Sílvia não escondia a sua felicidade. “É isto que me faz sentir útil ao mundo”, disse, ao saber que a sua corrida solidária tinha sido um sucesso. “Fiquei emocionada. Deus é maravilhoso em tudo o que faz em mim. É isto que me faz querer viver mais, que disputa em mim o sentido para a vida, que me faz sentir útil ao mundo.”
A prova de atletismo em que participou, correndo com uma T-shirt com as cores da Fundação AIS e com o dorsal número 247, foi muito dura, entre trilhos, com subidas e descidas por vezes íngremes, num chão pedregoso e ladeada por vezes de silvas, o que lhe provocou até uma queda e deixou marcas de sangue nos braços. Mas Sílvia assumiu todo o sofrimento da corrida como uma forma de se entregar também à causa do povo de Cabo Delgado, dos homens e mulheres e crianças que todos os dias vivem o sobressalto do terrorismo no norte de Moçambique.
ARTESANATO E TAMPINHAS
Tal como Sílvia Duarte, também Maria Cabral tem procurado ajudar os cristãos perseguidos através de actividades concretas. Em Novembro do ano passado a Fundação AIS contava a história desta mulher, então com 97 anos e uma das pioneiras da arquitetura em Portugal, a propósito da inauguração de uma exposição de “Registos”, um trabalho artesanal muito minucioso de Arte Sacra cuja venda reverteu para os cristãos perseguidos no mundo através da AIS.
“A Fundação AIS apareceu na minha vida há algum tempo já. Confio na instituição, porque vejo que é uma coisa que é da Igreja, e o que faz é bem entregue… Há tanta coisa que nos faz impressão ver no mundo e tudo o que puder aliviar o sofrimento é bem-vindo”, disse, explicando a razão por que escolheu ajudar uma vez mais a instituição pontifícia com a venda do seu trabalho. “Eu vejo os Boletins que mandam cá para casa. Lá vêm essas descrições, e isso motiva-me a ajudar no que puder.” Um gesto que diz muito de alguém que, apesar da sua idade avançada, nunca deixou de se inquietar com o mundo e de se incomodar com o sofrimento dos cristãos por causa da sua fé.
Também André Silvestre não consegue ficar indiferente às histórias dos que são vítimas de intolerância religiosa. Este brasileiro de 66 anos de idade vive em Caçapava, um município de São Paulo, e todos os dias faz vários quilómetros a pé ou de bicicleta só para recolher tampinhas de plástico e latas de bebida que depois consegue transformar em alimentos para um lar local e para apoiar também a missão da AIS em todo o mundo. São histórias assim, inspiradoras, que mostram que há muitas maneiras de se mobilizar a sociedade para ajudar os cristãos perseguidos no mundo e para se dar a conhecer a missão da Fundação AIS.
Paulo Aido – Fundação AIS