O Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) chega à sua 13.ª edição entre os dias 1 e 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá, em Minas Gerais, Brasil, com uma programação gratuita, transmitida online e dedicada ao tema “Literatura, Encruzilhada e Memória”. O encontro contará com mais de cem autores e autoras, nacionais e internacionais, que se unem para debater a importância da literatura como espaço de resistência, lembrança e transformação. Este ano, os homenageados são o escritor baiano Itamar Vieira Júnior e a ruandesa Scholastique Mukasonga.
Mukasonga, que construiu a sua obra a partir das marcas deixadas pelo genocídio em Ruanda, estará em Araxá como voz central da programação, refletindo sobre o “dever da memória” que atravessa a sua produção literária. A escritora, radicada em França, é uma das mais reconhecidas autoras africanas contemporâneas e carrega consigo um olhar atento para a relação entre trauma, identidade e reconstrução.
O festival terá ainda a presença de Rute Simões Ribeiro, escritora portuguesa nascida em Coimbra e doutorada em Saúde Pública, que se afirmou no panorama literário com títulos como Ensaio sobre o Dever, A Alegria de Ser Miserável e Do Corpo o Homem, obra distinguida em 2023 com o Prémio Literário Hugo Santos. A sua escrita, marcada por reflexões existenciais e éticas, dialoga diretamente com o tema do Fliaraxá ao propor uma literatura comprometida com a responsabilidade da palavra e com os dilemas humanos.
Outro destaque é Tatiana Salem Levy, nascida em Lisboa em 1979 durante o exílio da sua família e regressada ao Brasil ainda criança. Autora de obras como A Chave de Casa, livro premiado em 2008 com o Prémio São Paulo de Literatura, Tatiana constrói uma narrativa profundamente marcada pela memória familiar, pelo exílio e pelo trânsito entre culturas. A sua participação reforça o caráter plural do festival, entrelaçando raízes portuguesas, brasileiras e judaico-turcas.
Nomes de vulto em torno da literatura
A diversidade de vozes será também assegurada pela participação de nomes como Afonso Borges, idealizador do festival, Ale Santos, Alessandra Roscoe, Ana Kiffer, Bernardo Ajzenberg, Bianca Santana, Calila das Mercês, Cecília Oliveira, Cidinha da Silva, Cristiane Sobral, Daniela Zupo, Eliane Marques, Fernanda Bastos, Geni Núñez, Henrique Marques Samyn, Hugo Monteiro Ferreira, Igor Pires, Jamil Chade, Jeferson Tenório, Jeovanna Vieira, João Anzanello Carrascoza, Juliana Monteiro, Lara Prado, Lavínia Rocha, Leo Cunha, Léonora Miano, Lisa Alves, Lívia Sant’Anna Vaz, Luiz Maurício Azevedo, Madu Costa, Mara Vasconcelos, Marcelino Freire, Mariana Carrara, Matheus Leitão, Morgana Kretzmann, Myriam Scotti, Natalia Timerman, Nina Rizzi, Odilon Esteves, Paulo Scott, Rafael Nolli, Ricardo Ramos Filho, Sérgio Abranches, Silvana Gontijo, Simone Paulino, Taiane Santi Martins, Tino Freitas e Vinícius Neves Mariano.
O patrono da edição é Agripa Vasconcelos, autor de A vida em flor de Dona Beja, e o homenageado local é Fernando Braga de Araújo, de Araxá põe a mesa. A curadoria geral está a cargo de Jeferson Tenório, Bianca Santana e Sérgio Abranches, com colaboração de Leo Cunha na programação infantojuvenil e de Rafael Nolli, Carlos Vinícius e Luiz Humberto França na curadoria local.
Viabilizado pela Lei Rouanet, com patrocínio do Itaú e Bem Brasil, além do apoio do Ministério da Cultura do Brasil e da CBMM, que celebra 70 anos em 2025, o Fliaraxá é hoje um dos maiores festivais literários do Brasil, reunindo escritores de diferentes origens sociais, étnicas e geográficas.
“Ao reunir autores como Scholastique Mukasonga, Rute Simões Ribeiro e Tatiana Salem Levy, o evento sublinha também a sua vertente internacional e o compromisso em refletir sobre a memória e os caminhos éticos que a humanidade deve trilhar”, disse Afonso Borges, idealizador do festival.
Ígor Lopes
