AGUSTINÓPOLIS (TEATRO)
Encenação de João Brites e música de Jorge Salgueiro, celebra a obra de Agustina Bessa-Luís
17 A 19 out . sexta a domingo . Grande Auditório
LIBERALINDA (EXPOSIÇÃO)
15 A 19 out . quarta-feira a sábado . Foyer do Grande Auditório (Piso 1) e Praça CCB
ATRIZ E ATOR. ARTISTAS VOL. III – PRESENÇA E MOBILIDADE IMPERCEPTÍVEL (LANÇAMENTO DE LIVRO)15 out . quarta-feira . Foyer do Grande Auditório (Piso 2)
CONFERÊNCIA SOBRE A OBRA DE AGUSTINA
18 out . sábado Foyer do Grande Auditório (Piso 2)
Desde os primórdios, a humanidade dialoga com as suas sombras, projetando sonhos e medos, criando narrativas intemporais. O Teatro nasceu desse impulso ancestral, transformando gestos e sons em expressões vivas da condição humana; é uma arte milenar que atravessou tempos de guerra e paz, liberdade e opressão, ditaduras e revoluções.
Nestes 51 anos celebramos a arte de contar histórias. Desde 1974 que o nosso Teatro – a pequeníssima parte que ocupamos na linha do tempo desta Arte – se empenha coletivamente em contribuir para a emancipação do sentido crítico e da capacidade de imaginar, representar e comunicar emoções, através da abstração e simbolismo teatral. Desejamos continuar a alimentar e a confrontar sensibilidades. É felizmente incontrolável o que cada um preserva na memória. A memória de palavras, de imagens, de situações teatrais instala-se sem pedir licença a quem a abriga e constitui-se como um reduto de liberdade. Bem sabemos que as sensações também podem entorpecer o nosso pensamento, mas parece-nos que a única maneira de adquirir uma mais perspicaz sabedoria é não obstruir a nossa capacidade de sentir.
Completamos 51 anos de vida como grupo de Teatro e não os podemos dissociar da celebração dos 50 anos da Revolução de Abril, que está na nossa génese. Nascemos com a vontade de partilhar a criação teatral e potenciar a fruição artística, levando os nossos espetáculos pelo país fora, ao encontro dos anseios de um povo que se emancipava política e culturalmente. De norte a sul, nas ruas, nas fábricas, nos campos e nos quartéis, mas também em casas do povo, escolas e teatros improvisados, naqueles anos de 1974 e 1975, apropriámo-nos do futuro. Estivemos nas manifestações e nas assembleias, debatemos, reivindicámos e propusemos. Sentimo-nos parte da revolução.
Porque a agitação também é teatral, continuamos a contar histórias não só para compreender, mas para agitar. Continuamos convictos de que a beleza transforma e que o Teatro é um refúgio, um território do impossível, onde a imaginação e o sonho resistem.
Pensamos com o movimento. Quando começámos, éramos todos diretores, técnicos, produtores, comediantes, carregadores: era esse o significado do trabalho coletivo. Constituímo-nos como um ensaio sociopolítico, um grupo restrito que procura ter reflexo na sociedade alargada, dedicando-se a processos artísticos e à construção de obras menos previsíveis. Em arte, o contágio pode ser uma coisa boa, sobretudo na partilha de ideias e na procura de obras singulares.
Teatro O Bando