Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi palco de uma manifestação convocada pelo ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O ato, que aconteceu num dos cartões postais mais famosos do mundo, reuniu centenas de milhares de apoiantes, na manhã de domingo.
Bolsonaro discursou durante mais de uma hora, num palco em cima de um camião. Criticou o atual presidente do Brasil, Lula da Silva, e os ministros do governo, voltando a defender a amnistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro, em Brasília, num episódio tratado pelas autoridades brasileiras como tentativa de golpe de estado.
Elon Musk, empresário ligado a marcas como SpaceX, Tesla, OpenAI e proprietário da rede social X, antigo Twitter, foi citado por Bolsonaro como “mito” e um “homem que preserva a liberdade”. Elon Musk tem estado em conflito com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, tendo como pano de fundo os negócios do empresário no país. Em causa está a determinação de Moraes em suspender as contas de apoiantes de Bolsonaro da rede social. Moraes determinou que a rede X não deve reativar nenhuma conta de perfil sem autorização da Justiça brasileira, sob pena de aplicar uma multa de R$ 100 mil, cerca de 20 mil euros. O ministro brasileiro disse que as atitudes de Musk indiciam obstrução à justiça e incitação ao crime.
Bolsonaro falou também sobre as eleições de 2022, alegando ter havido fraude nas urnas, o que o teria levado a perder para Lula. “O que mais nós queremos é que o Brasil volte à sua normalidade, que possamos disputar eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Temos problemas hoje em dia. Façamos a coisa certa. Não estou duvidando das eleições, página virada”, disse Bolsonaro.
Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; a ex-primeira-dama, Michelle; os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano; a cubana nacionalizada brasileira Zoe Martínez; e os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, que discursou em inglês.
Na sua intervenção, Malafaia negou a tentativa de golpe e criticou a investigação. Chamou Moraes de “ditador” e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de “frouxo, covarde, omisso”, e disse que os comandantes militares deveriam renunciar, se “honram a farda que vestem”.
Também participaram, sem discursar, os filhos de Bolsonaro Carlos (vereador), Eduardo (deputado federal) e Flávio (senador); o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem; o general Walter Braga Netto; e os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
O ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o presidente do PL, partido de Bolsonaro, Waldemar da Costa Neto, subiram ao camião antes do início do ato porque estão proibidos pelo STF de se aproximar de Bolsonaro.
Ígor Lopes
