A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal do Brasil desencadearam na passada semana, a segunda fase da Operação Tropeiros, desmantelando o núcleo financeiro de uma organização criminosa que, ao longo de mais de cinco anos, utilizou o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, como ponto de partida para o envio de cocaína para a Europa e Austrália.
O grupo aliciava pessoas para actuarem como “mulas”, transportando a droga em malas com fundos falsos.
A investigação teve início em 2019, após a detenção de uma mulher que tentava embarcar com estupefacientes com destino à cidade da Horta, nos Açores.
Segundo a PF, a rede criminosa movimentou cerca de 10 milhões de reais (aproximadamente 1,8 milhões de euros).
Entre os 18 investigados constam intermediários de câmbio ilegal, um advogado e um funcionário bancário.
O advogado, que inicialmente representava membros do grupo detidos, acabou por associar-se à rede, financiando operações de tráfico. O funcionário da instituição financeira era responsável por dissimular transacções para ocultar a origem dos fundos.
As autoridades identificaram esquemas como o “euro cabo”, no qual os montantes obtidos no exterior eram convertidos em reais no Brasil, além de pagamentos em criptomoedas.
A PF está a tentar rastrear e bloquear estes activos digitais.
Foram executados 21 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro (capital e Niterói), São Paulo (capital e Campinas) e Salvador.
Duas pessoas foram detidas em flagrante — uma por posse de estupefacientes e outra por posse ilegal de arma de fogo. Foram ainda apreendidas malas preparadas para o transporte de droga, em residências na Praça Seca e na Barra da Tijuca. Em Niterói, foi também encontrada uma pistola com numeração raspada.
Os suspeitos arriscam responder por tráfico internacional de droga, branqueamento de capitais e associação criminosa, podendo as penas ultrapassar os 35 anos de prisão.
O nome da operação — Tropeiros — remete para os antigos condutores de gado e mercadorias que percorriam grandes distâncias, numa analogia à actuação dos traficantes, que monitorizavam em tempo real as rotas das “mulas” encarregadas de transportar a droga para o estrangeiro.