A preparação das novas gerações para enfrentar e mitigar os impactos da mudança do clima foi o foco da Mesa-Redonda Ministerial de Alto Nível sobre Educação Verde, realizada esta semana durante a COP30.
Representantes de diversos países, da Presidência da conferência e de organismos do sistema ONU defenderam investimentos estruturais para capacitar professores, formar jovens em competências verdes e adaptar escolas às novas realidades climáticas.
Alice Vogas, diretora de Programa da Presidência da COP30, afirmou que a educação precisa tornar-se um pilar da ação climática global. Segundo ela, a expectativa para Belém é consolidar uma plataforma de cooperação internacional que fortaleça a troca de conhecimento entre países. O Brasil apresentou avanços nessa área: o Ministério da Educação destacou que 67% das escolas públicas já realizam ações de educação ambiental e anunciou a futura Política Nacional de Educação Ambiental Escolar.
Os dados apresentados pela Unicef reforçaram a urgência do debate. Em 2024, 242 milhões de estudantes tiveram as aulas interrompidas por eventos climáticos extremos no mundo — no Brasil, foram 1,17 milhões. Para enfrentar este cenário, o MEC ressaltou a criação da Rede África–Brasil–América Latina e Caribe, iniciativa que busca reduzir a evasão escolar causada por deslocamentos climáticos até 2028, promovendo intercâmbio de tecnologias sociais entre países e instituições multilaterais.
Durante o encontro, a OCDE também divulgou o primeiro rascunho do PISA 2029 Climate Literacy Framework, métrica que avaliará o nível de alfabetização climática dos estudantes. Os testes iniciais, aplicados no Pará, indicam bom conhecimento sobre temas ambientais locais, mas revelam lacunas no entendimento climático global. A UNESCO, por sua vez, lançou pela primeira vez em português guias internacionais que apresentam diretrizes para sistemas educacionais que desejam avançar rumo à “educação verde”.