O presidente do PAICV, Rui Semedo, comentou o facto de haver decisões que, do ponto de vista do maior partido da oposição em Cabo Verde, podem colocar em causa a política externa do país.
O alerta foi dado ao Governo esta quinta-feira, 11 de maio, em conferência de imprensa. O PAICV aconselhou-o a refletir sobre algumas decisões que podem representar uma mudança “profunda” na política externa e que possa simbolizar uma mudança substancial em todos os compromissos do arquipélago.
A formação política considera que a política externa deve estar, prioritariamente, ao serviço dos supremos interesses nacionais e também promover a credibilidade e a confiança na relação com outros Estados e Organizações.
Esta posição foi manifestada no âmbito de uma visita do primeiro-ministro a Marrocos. De acordo com o líder do PAICV, Ulisses Correia e Silva pronunciou-se numa rede social sobre a viagem, tendo referido que “a visita ocorre num momento especial das relações entre Cabo Verde e Marrocos, com a formalização do reconhecimento da integridade territorial do Reino de Marrocos por Cabo Verde, entre outros iniciativas que reforçam a base política e diplomática para a exploração e o desenvolvimento da cooperação entre as duas nações”.
Para Rui Semedo, o conteúdo do referido pronunciamento representa uma mudança profunda na política externa de Cabo Verde e simboliza uma mudança substancial com relação a todos os compromissos do país.
“Simboliza uma mudança substancial com relação a todos os compromissos de Cabo Verde, designadamente, no seio das Nações Unidas, onde está vinculado a um posicionamento formal sobre a processo da autonomia e independência da República Árabe Saaraul Democrática”, declarou, citado pelo “Expresso das Ilhas”.
“Recorde-se que a partir do momento de um grande impasse criado pelas reivindicações do Reino de Marrocos e a guerra que se alastrava nesse território, susceptível de perigar a paz frágil daquela zona do Norte da África, a ONU decidiu pela consulta do povo saaraui, através de um referèndum, e Cabo Verde considerou realista e pertinente alinhar-se com esta posição desta organização. Por isso mesmo, o que se vive hoje, marca a descontinuidade com relação a posição assumida anteriormente por Cabo Verde”, concluiu.