As Eleições Autárquicas 2024 redefiniram o panorama político de Cabo Verde, com o PAICV conquistando 15 câmaras, um aumento significativo em relação às 8 que administrava anteriormente. O partido venceu em municípios cruciais como Praia, Santa Catarina de Santiago, Brava, Maio e Porto Novo, superando o MpD, que manteve apenas 7 câmaras, entre elas Ribeira Grande, São Vicente e Sal.
O PAICV com 68,2% dos vereadores eleitos e 63,6% nas assembleias nacionais. O MPD ficou com 7 câmaras (31,8% dos vereadores e 36,4% nas assembleias). Outras formações políticas não obtiveram câmaras.
Além das vitórias tradicionais, o PAICV recuperou importantes territórios do MpD, consolidando-se como principal força política no país. A abstenção, cerca de 50%, continua como um desafio no engajamento eleitoral.
Os resultados preliminares reforçam o papel do PAICV como liderança política, destacando a necessidade de novos compromissos para atender às expectativas crescentes da população. O MpD, por sua vez, enfrenta um cenário de reavaliação de estratégias, após uma redução expressiva em sua base municipal.
Além das câmaras municipais, o PAICV alcançou 63,6% das assembleias municipais, elegendo 169 deputados contra 144 do MpD. O número de vereadores também reflete a força do PAICV, que conquistou 80 representantes, enquanto o MpD ficou com 40. Partidos menores, como UCID, PTS, S-SAT e MITSN, não tiveram impacto significativo, elegendo poucos ou nenhum representante nas câmaras ou assembleias municipais.
Na capital, Praia, o PAICV conquistou 61% dos votos, elegendo 9 vereadores e confirmando seu domínio. Santa Cruz também foi um destaque, com 65,9% dos votos e 7 vereadores eleitos. Outros municípios importantes onde o PAICV prevaleceu incluem Boa Vista, com 66,6%, Tarrafal, com 66,7%, e Ribeira Grande de Santiago, com 55%. Mesmo em municípios menores, como Brava e São Domingos, o partido garantiu a maioria, com 50,4% e 55,2% dos votos, respectivamente.
O MpD, por sua vez, manteve o controle em municípios estratégicos, como a ilha do Sal, onde obteve uma vitória esmagadora com 67,3% dos votos e 9 vereadores eleitos. São Miguel e São Salvador do Mundo também registaram vitórias expressivas para o partido, com 56,8% e 53,2% dos votos, respetivamente. Em São Vicente, tradicional reduto do MpD, o partido alcançou 41,3% dos votos, elegendo 3 vereadores, mas enfrentou uma concorrência acirrada da UCID, que garantiu 2 cadeiras.
As eleições foram marcadas por uma alta taxa de abstenção, com mais de 50% dos eleitores ausentes em diversos municípios. Na Praia, por exemplo, a abstenção foi de 55,3%, enquanto em São Vicente chegou a 50,4%. Esses números reforçam a necessidade de medidas que incentivem a participação dos cidadãos no processo eleitoral.
Os resultados destacam o domínio do PAICV e o fortalecimento de suas bases em regiões estratégicas, enquanto o MpD demonstrou força em municípios insulares e áreas específicas. Partidos menores continuam enfrentando dificuldades para competir, embora a UCID tenha obtido algum destaque em São Vicente. O cenário político cabo-verdiano, polarizado entre PAICV e MpD, apresenta desafios para os próximos anos, incluindo a melhoria dos serviços municipais, o aumento da transparência na gestão pública e a promoção de maior engajamento dos eleitores.
As eleições municipais deste ano reafirmaram o PAICV como a principal força política em Cabo Verde, mas também mostraram que o eleitorado exige políticas públicas mais inclusivas e uma gestão eficiente dos recursos públicos. A dinâmica política aponta para um futuro onde a competitividade eleitoral deve ser ampliada, e a representatividade, fortalecida.
Anícia Cabral