O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, PAICV, Rui Semedo, emocionou filiados e simpatizantes ao anunciar durante a primeira reunião ordinária do Conselho Nacional do PAICV, do ano de 2025, a sua decisão de não se recandidatar a um novo mandato como líder do partido.
O discurso, que mesclou reflexões pessoais e um chamado à unidade, marcou um momento significativo na história política do PAICV e do país.
Rui Semedo destacou a profunda influência do partido na sua formação pessoal e cidadania. “Militar no PAICV é um ato cívico de elevada importância, que engrandece e enobrece. No meu caso, tornou-me uma pessoa ainda melhor: mais sensível, mais humana, mais cidadã,” afirmou.
Semedo sublinhou ainda o papel histórico do PAICV como um património nacional, alicerçado em valores que refletem as aspirações de liberdade, justiça, desenvolvimento e solidariedade do povo cabo-verdiano. “Este é um partido de causas, profundamente identificado com a luta pela dignidade nacional. Foi assim na conquista da independência, no nascimento do Estado soberano, na reconstrução nacional e em todos os momentos cruciais deste país,” destacou.
O presidente não poupou elogios ao legado do PAICV como protagonista de grandes transformações em Cabo Verde. Segundo ele, o partido liderou importantes reformas que modernizaram o país e o prepararam para os desafios do futuro. “O PAICV é, sem dúvida, o partido que mais inovou e contribuiu para o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde. Sempre esteve à altura das grandes responsabilidades, adaptando-se e modernizando-se para liderar processos de mudança,” afirmou.
Rui Semedo destacou também o papel do partido na consolidação da democracia, incluindo a transição para o pluralismo político e a estruturação da oposição democrática. “Desde a abertura política, o PAICV demonstrou maturidade, promovendo o diálogo, cultivando a tolerância e colocando os interesses coletivos acima dos individuais,” frisou.
O MOMENTO DE UMA NOVA VISÃO
Durante o discurso, Rui Semedo anunciou a sua decisão de não buscar a reeleição como líder do partido, explicando que esta foi uma escolha ponderada e orientada pelo melhor interesse do PAICV e de Cabo Verde. “Tenho consciência de que as lideranças não são eternas. Devemos naturalizar a circulação do poder interno, abrindo espaço para novos líderes e introduzindo fatores de revitalização na organização,” declarou.
Semedo enfatizou que, mesmo fora da liderança, continuará a servir como um facilitador para construir soluções de unidade e compromisso, colocando os interesses superiores do país em primeiro lugar. “Este é o momento de congregar todas as sensibilidades, ampliar nossas forças e preparar-nos para enfrentar juntos os grandes desafios que Cabo Verde enfrenta. Um PAICV unido é a chave para vencer as próximas eleições e salvar o país,” afirmou.
AUTÁRQUICAS E NOVOS DESAFIOS
O líder destacou a performance do partido nas recentes eleições autárquicas, onde o PAICV demonstrou sua capacidade de unificação em todos os 22 municípios. “Protagonizamos uma campanha que reafirmou o PAICV como um partido plural e capaz de assumir grandes responsabilidades,” disse, elogiando o empenho coletivo.
UM CHAMADO À UNIDADE
Encerrando o seu discurso, Rui Semedo fez um apelo contundente à unidade do partido e à preservação de seus valores fundacionais. “O PAICV é maior do que qualquer um de nós individualmente. É uma força que congrega vontades, fortalece na inclusão e enriquece na diversidade. Precisamos preservar e proteger esse património para continuar servindo Cabo Verde e os cabo-verdianos,” afirmou.
Ele reafirmou a sua disposição em trabalhar para construir uma alternativa clara e vencedora para as eleições de 2026, assumindo um papel de facilitador para unir o partido e enfrentar os desafios futuros. “Contem sempre comigo para servir o meu partido e o meu país. Este é o momento de colocar Cabo Verde e o PAICV em primeiro lugar,” concluiu, sob aplausos.
A decisão de Rui Semedo, embora surpreendente para muitos, parece querer refletir um gesto de grandeza e comprometimento com a renovação democrática, consolidando seu legado como um líder que priorizou o coletivo em detrimento do individual.
Anícia Cabral – Correspondente