A prática de processamento ‘offshore’ no Mar de Bissau constitui a preocupação dos ambientalistas e alertam para o perigo que corre o Ecossistema marítimo.
À e-Global, fonte junto das entidades piscatórias do país, denunciou a existência de dois navios de grande porte, com mais de 20.000 toneladas. “Eles [navios] ameaçam seriamente os oceanos, por estarem a utilizar vários “peixes para fazer farinha de peixe”, inclusive peixes para consumo humano.
“O terceiro navio de processamento chegará em breve a Bissau, com uma capacidade diária de processamento de mais de 5.000 toneladas de pescado, uma quantidade assustadora. Estes navios de processamento estão no mar há muito tempo e envolvidos em actividades de pesca destrutiva. Eles pescam peixes que medem entre 1 cm e 30 cm e os fornecem aos barcos de farinha de peixe”, revelou o informante.
“Talvez dentro de alguns meses, ou dentro de um ano, o peixe do Mar de Bissau desapareça, não teremos mais peixe para comer”
Segundo o mesmo, “talvez dentro de alguns meses, ou dentro de um ano, o peixe do Mar de Bissau desapareça, não teremos mais peixe para comer e os nossos descendentes sofrerão com a falta de peixe”.
Sem revelar o nome da empresa responsável, a fonte da e-Global, destacou que “os navios de processamento produzem uma grande quantidade de mercadorias”, e ainda “não vimos o seu apoio às exportações, nem o seu apoio ao desenvolvimento da economia de Bissau. Não vemos estes navios empregando jovens da Guiné-Bissau, não vemos os navios pagando impostos para o nosso governo”.
“O que fazem no mar é vago, ninguém sabe o que fazem e as actividades ilegais não podem ser regulamentadas. O nosso país e o nosso povo não recebem nada dos navios de processamento, apenas os proprietários dos navios de processamento beneficiam dos nossos oceanos, e quando tiverem capturado todo o peixe dos nossos mares, irão deixar-nos. Ficamos com um oceano pobre, sem peixes. Um oceano cheio de poluição”, disse.
A fonte apelou “a toda a população da Guiné-Bissau e ao governo guineense para prestarem atenção a esta questão e tomem medidas para nos dar paz e mares limpos”.
Contactado pela e-Global, Malam Sambú, especialista em Direito Ambiental realçou o perigo que estas práticas constituem para o Ecossistema marítimo, caso as revelações se confirmarem.
“Naturalmente, isso tem consequências negativas no meio ambiente e para as gerações vindouras”, disse o ambientalista, que destacou o princípio “da solidariedade geracional”.
O ambientalista alertou ainda para o risco de extinção de espécies marinhas, e principalmente o peixe de qualidade.
“É urgente pôr cobro e esclarecer esta situação, se eventualmente esse ambiente se verifica nos nossos mares. Porque é extremamente preocupante” insistiu o activista.
(foto arquivo)