A Rede Oeste Africana para Edificação da Paz (WANEP-GB) avançou em nota à imprensa que após a independência do país “não houve uma profunda transformação em termos de liberdade como base dos preceitos dos direitos humanos”, e anotou que “na Guiné-Bissau a independência não se traduziu em existência de oportunidades ao desenvolvimento”.
“Observou-se apenas a substituição de uma força repressora estrangeira por outra nacional igualmente repressora. Não houve conciliação entre o que podemos chamar de projecto da independência e os requisitos da liberdade de acordo com as premissas liberais dos direitos humanos”, lê-se na nota da organização sub-regional, assinada pela sua coordenadora em Bissau, Denise dos Santos Indeque.
Na nota tornada a pública esta terça-feira, 23.01, a organização apontou ainda “a proliferação de partidos políticos na Guiné-Bissau”, como factor de “um contínuo período de crises, caracterizado por círculo vicioso de instabilidade política, decorrente de golpes de Estado e, sobretudo de destituições de governos através da criação [fabricação] de novas maiorias parlamentares em detrimento da vontade popular”.
“Esta competição e o interesse desenfreado por ascensão ao poder a todo o custo pelos políticos é um dos elementos principais para o agravamento da ausência de Estado na Guiné-Bissau, afectando vários sectores entre os quais a educação, a saúde, a justiça”, observou a organização.
A WANEP-GB destacou ainda o “elevado nível de nepotismo, falta de investimentos, aumento de taxas de abandono escolar, problemas de formação de professores, com reduzidos índices de inovação, fuga de recursos humanos, baixo desempenho geral na administração pública”.
Em consequência da “destruturação do país” de acordo com a organização, herdou-se “o crime organizado, problemas de posse de terras, instrumentalização e politização das forças de defesa e de segurança pelos políticos, a intolerância e rejeição da diversidade de opinião, a intolerância religiosa, o tráfico de armas, droga e seres humanos em todas as suas formas, a predação e pilhagem dos recursos naturais”.
A organização considera que o Estado guineense deve reduzir “fortemente a corrupção institucional e promover uma cultura de transparência e responsabilização popular, assim como um sistema económico que proporcione uma vida decente e humana a todas as populações”.
Os guineenses lembram esta terça-feira, o início da luta de libertação, iniciada a 23 de Janeiro de 1963, contra a presença colonial portuguesa.
Mamandin Indjai