Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil apontam que, em 2022, entraram no Brasil 562 portugueses. Esta pasta brasileira contabilizou um total de 25.061 entradas de estrangeiros no Brasil, tendo os portugueses representado 2.2% desse total.
Depois de em 2020 e 2021, a entrada de portugueses no Brasil ser inferior a 500 entradas anuais, em 2022 regista-se um crescimento de 21,9% e ultrapassa-se as 500 entradas em território brasileiro, com 562 entradas.
O número de portugueses entrados no Brasil encontra-se ainda longe do valor registado em 2013: 2.904, o mais alto do período em análise.
“A tendência recessiva verificada nos últimos anos traduziu-se numa perda relativa de importância da imigração portuguesa: se em 2013 os portugueses representaram 4.7% das entradas de migrantes no Brasil, em 2022 representavam apenas 2.2%”, considerou o Observatório da Emigração de Portugal.
Levantamento sobre a emigração brasileira
O Itamaraty divulgou, nas últimas semanas, as novas estatísticas sobre as comunidades brasileiras residentes no exterior. A publicação mostra que mais de 4,5 milhões de brasileiros vivem em outros países, o que equivaleria ao 13º estado mais populoso do Brasil.
As mais expressivas concentrações de brasileiros estão nos Estados Unidos (1,9 milhão), Portugal (360 mil), Paraguai (254 mil), Reino Unido (220 mil) e Japão (206 mil).
O documento “Comunidades Brasileiras no Exterior”, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, compila estatísticas atualizadas sobre a quantidade de nacionais que vivem fora do Brasil e a sua distribuição pelo mundo, uma estimativa que tem como base insumos relativos ao ano-base de 2022, enviados pelos postos do Itamaraty no exterior.
Ao todo são 196 postos no exterior, entre embaixadas com serviços consulares, consulados-gerais, consulados e vice-consulados. Os cinco consulados-gerais cujas jurisdições estão as maiores concentrações de brasileiros (Nova York, Boston, Miami, Lisboa e Londres) são responsáveis por mais de 1,6 milhões de cidadãos, equivalente à população de Recife, no Nordeste brasileiro.
Brasileiros em Portugal
Na Europa, Portugal aparece no topo do destino dos brasileiros com 360 mil inscritos, sendo Consulado-Geral do Brasil em Lisboa 250 mil, Consulado-Geral do Brasil no Porto 80 mil, e Consulado-Geral do Brasil em Faro 30 mil.
Segundo o governo brasileiro, somente em 2022, foram produzidos mais de 434 mil serviços consulares. A rede consular brasileira no exterior presta auxílio a cidadãos residentes fora do país e aos milhões de turistas brasileiros que viajam ao exterior em diversas situações de emergência, como desvalimentos, prisões, hospitalizações, falecimentos, disputas de guarda de menores, violência de género e tráfico de pessoas. Em 2022, as repartições consulares brasileiras atenderam cerca de 115 mil casos de brasileiros necessitando de assistência no exterior.
Por sua vez, e segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, os brasileiros mantêm-se como a principal comunidade estrangeira residente em Portugal, representando no ano passado 30,7% do total e foi também a comunidade que mais cresceu em 2022 e deve continuar a bater recordes este ano.
Discutir a nova emigração brasileira para o Interior de Portugal
A crescente chegada da comunidade brasileira à região Centro de Portugal e os desafios e oportunidades do novo perfil de migrantes serão os temas centrais do simpósio “Brasil em Portugal – Integrar, Investir e Aprender”, que se realizará no 7 de setembro, a partir das 9h30, nas instalações da Escola Profissional do Fundão. Um evento que conta com realização da Casa do Brasil – Terras de Cabral e da Câmara Municipal do Fundão, com chancela da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Ao todo, três painéis reunirão especialistas, autoridades, empresários e membros da comunidade brasileira e luso-brasileira.
Esta iniciativa, que celebra também o Dia Nacional da Independência do Brasil, visa discutir o que atrai os brasileiros para Portugal, assim como as oportunidades para a região e os desafios que isso comporta.
“Existem duas realidades a que não podemos fechar os olhos: a comunidade brasileira tem crescido em todo o país e a tendência é para que esse crescimento se mantenha forte nos próximos anos”, referiu João Morgado, presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral, que referiu que “importa sublinhar que o perfil do migrante tem vindo a mudar substancialmente. Chegam pessoas mais preparadas, com condições económicas mais fortes, com objetivos de vida que vão para além de ganhar dinheiro para um retorno ao Brasil. Muitas famílias vieram para ficar, para investir, para ganhar raízes. Tudo isto coloca desafios imensos a um Portugal tradicional e conservador, que agora se vê confrontado com novas realidades sociais, culturais, económicas”.
Ainda de acordo com este responsável, é preciso discutir o tema com o intuito de saber se os portugueses estão preparados para lidar bem com esta mudança. João Morgado receia que não.
Ígor Lopes
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Eu faço parte dessa estatística há alguns meses. Dos brasileiros que eu conheci desde que vim morar em Braga, a maioria busca qualidade de vida, longe da violência que se tornou banal, especialmente, quando são oriundos do Rio de Janeiro, como eu. Sobre a questão dos portugueses estarem preparados para essa mudança, só os portugueses podem responder, mas é fato que algo precisa ser feito, especialmente quanto à prestação de serviços aos emigrantes. Há dez meses o SEF não abre vagas para reagrupamento familiar em lugar nenhum de Portugal. Em qualquer post que o SEF publica no Facebook, chovem comentários pedindo reagrupamento. Minha filha é menor e não consigo reagrupá-la, está irregular há cinco meses. Felizmente, ela pode estudar mesmo assim. Mas o país é lindo e o povo muito receptivo.