A Etiópia e a Eritreia concordaram no domingo em restaurar as relações diplomáticas após quase 20 anos, e abrir a fronteira entre os dois países do Corno de África.
O novo primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, chegou à capital da Eritreia e foi recebido com acolhimento pelo presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, uma cena impensável poucos meses atrás.
Depois de serem aplaudidos por multidões em Asmara, capital da Eritreia, e terem realizado reuniões privadas, os dois líderes participaram de um jantar e anunciaram as novas medidas.
“Concordamos em abrir embaixadas em nossos respetivos países, permitir que os nossos habitantes visitem as cidades uns dos outros e permitir que as nossas companhias aéreas e portos operem livremente”, disse Abiy, em declarações transmitidas pela televisão estatal da Eritreia.
Abiy anunciou que concordaram em “derrubar o muro entre nós. Agora não há fronteira entre a Etiópia e a Eritreia. Essa linha de fronteira acabou hoje com a demonstração de um amor verdadeiro … o amor é maior do que as armas modernas, como tanques e mísseis. O amor pode conquistar corações, e nós assistimos a muitas coisas hoje aqui em Asmara. A partir deste momento, a guerra não é uma opção para o povo da Eritreia e da Etiópia. O que precisamos agora é amor.”, declarou.
A visita do primeiro-ministro da Etiópia a Asmara acontece um mês depois de Abiy ter inesperadamente aceitado totalmente um acordo de paz que pôs fim a uma guerra de 20 anos entre os dois países da África Oriental, que matou dezenas de milhares de pessoas.
A Etiópia e a Eritreia não têm laços diplomáticos desde que a guerra começou, em 1998.
Os etíopes congratularam-se com as declarações transmitidas em direto pela TV estatal da Etiópia.
A decisão de aceitar plenamente o acordo de paz foi a maior e mais surpreendente reforma já anunciada pelo primeiro-ministro da Etiópia, que assumiu o poder em abril e rapidamente desencadeou uma onda de reformas, libertando jornalistas e figuras da oposição da prisão, incentivando a economia e desbloqueando centenas de sites depois de anos de protestos contra o governo exigindo mais liberdades.



