O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou esta quinta-feira ao Conselho de Segurança para a criação de uma força internacional, apoiada pela organização, destinada a estabilizar o Haiti. O mecanismo terá como foco assistência logística, operacional e financiamento previsível, ajudando a Polícia Nacional Haitiana a enfrentar a crescente violência de gangues e a restaurar a segurança no país.
Guterres destacou que, apesar da situação política ainda ser frágil, existem “sinais de esperança”, como a cooperação entre o líder do Conselho Presidencial de Transição, Laurent Saint-Cyr, e o primeiro-ministro Alix Didier Fils-Aimé, assim como a coordenação entre a Força-Tarefa do primeiro-ministro, a Polícia Nacional Haitiana e a missão de Apoio Multinacional à Segurança liderada pelo Quénia. O objetivo é criar condições para o retorno ao Estado de Direito e a realização de eleições inclusivas e confiáveis.
O chefe das Nações Unidas alertou ainda para a grave crise humanitária e a violência contra crianças. Em 2024, o Haiti registou 2.269 violações graves contra 1.373 menores, incluindo sequestros, recrutamento por gangues e violência sexual, com 566 casos confirmados de violência sexual, dos quais 160 de estupro coletivo. Além disso, o colapso dos serviços básicos e os deslocamentos massivos têm privado milhares de crianças de educação, saúde e segurança.
Guterres apelou a uma resposta internacional coordenada, incluindo a adoção de um embargo de armas eficaz e a expansão de sanções a líderes de gangues, financiadores e traficantes de armas. Também sublinhou a necessidade de contribuições voluntárias para o Fundo Fiduciário da Missão de Apoio Multinacional à Segurança, garantindo impacto e sustentabilidade das operações.