Pequim autorizou 183 empresas brasileiras a exportar café para o seu mercado interno, numa medida válida por cinco anos. A decisão surge dias depois de Washington anunciar uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro, provocando apreensão entre produtores do Brasil.
Com cerca de 85% da colheita de arábica já concluída, os exportadores procuram alternativas ao mercado norte-americano, que absorveu 3,3 milhões de sacas no primeiro semestre de 2025 — cerca de 23% das exportações do Brasil. A China, embora ainda represente uma fatia menor, importou 530 mil sacas no mesmo período, mas tem vindo a ganhar peso.
A mudança surge no seguimento de um contrato assinado entre a ApexBrasil e a cadeia chinesa Luckin Coffee, que prevê o fornecimento de 240 mil toneladas até 2029, num negócio avaliado em mais de 2,1 mil milhões de euros.
A empresa já tinha celebrado um acordo semelhante em 2024, no valor de 432 milhões de euros.
Com mais de 22 mil lojas, a Luckin Coffee aposta na crescente procura por café na China, sobretudo entre jovens urbanos. O consumo duplicou em cinco anos, passando de oito para 16 chávenas anuais por pessoa.
A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil, com trocas bilaterais a atingir os 162 mil milhões de euros em 2024. O café junta-se agora a uma lista crescente de produtos agrícolas brasileiros essenciais para a segurança alimentar chinesa.



