As exportações da China para os Estados Unidos registaram uma queda acentuada em abril, numa altura em que o agravamento das tarifas comerciais impostas por Washington está a acelerar a mudança nas cadeias de abastecimento globais. Ainda assim, os dados oficiais ultrapassaram as previsões dos analistas.
Segundo o mais recente relatório da Administração Geral das Alfândegas chinesa, as exportações globais da China cresceram 8,1% em termos homólogos no mês passado — um desempenho acima dos 2% esperados, mas inferior ao crescimento de 12,4% registado em março. Já as importações caíram ligeiramente, 0,2%, face a abril de 2024.
Para os Estados Unidos, as exportações chinesas sofreram uma quebra de 21% em dólares, refletindo os efeitos das tarifas impostas pela administração Trump, que agora cobrem cerca de 145% das exportações oriundas da China.
Por seu lado, Pequim mantém tarifas retaliatórias de 125% sobre os produtos norte-americanos.
Como resultado, o comércio bilateral tem vindo a perder força, com as importações chinesas de bens dos EUA a caírem mais de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar desta deterioração, o excedente comercial da China com os EUA manteve-se elevado: cerca de 18,2 mil milhões de euros em abril, ainda que abaixo dos 24,2 mil milhões de euros registados há um ano.
Enquanto as negociações entre os dois países se intensificam — com uma nova ronda marcada para este fim de semana em Genebra — cresce a expectativa de possíveis ajustamentos às tarifas.
Vários analistas, alertam, no entanto, que é improvável uma reversão total das medidas atuais, prevendo-se novos declínios nas exportações chinesas para os EUA nos próximos meses.
Face à instabilidade das relações comerciais com os EUA, a China tem redirecionado os seus fluxos de exportação.
O comércio com países da Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP) e com parceiros da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” registou aumentos expressivos.
Nos primeiros quatro meses de 2025, as exportações para o Sudeste Asiático e a América Latina cresceram 11,5%, enquanto os envios para a Índia e para África aumentaram quase 16% e 15%, respetivamente.
O Vietname e a Tailândia foram dos destinos asiáticos que mais cresceram, com aumentos anuais de 18% e 20%, sinalizando uma reconfiguração acelerada das cadeias logísticas regionais.
Internamente, a China anunciou novas medidas de estímulo económico para mitigar os impactos da guerra comercial e travar o abrandamento do seu setor imobiliário e das atividades comerciais ligadas à exportação.