Papa Francisco pede respeito pelos direitos humanos sem mencionar os rohingya na viagem a Myanmar

Num discurso após o encontro com a líder de Myanmar, Aung San Suu Kyi, esta terça-feira na capital do país, o Papa Francisco insistiu que o futuro de Myanmar depende do respeito dos direitos de cada grupo étnico, uma demonstração indireta de apoio aos muçulmanos Rohingya sujeitos a décadas de discriminação e uma recente repressão militar descrita pela ONU como uma “limpeza étnica “.

Antes do encontro com Aung San Suu Kyi, o Papa esteve reunido com um grupo de 17 líderes, representantes das diferentes religiões presentes em Myanmar, e instou-os a defender a sua identidade, a não terem medo da diferença e a “não se deixarem colonizar”.

No seu discurso, o Papa falou em espanhol e recordou que “é bonito ver os irmãos reunidos”, mas, frisou, “unidos não quer dizer iguais, a unidade não é a uniformidade”.

Aconselhado a não utilizar o termo rohingya, para evitar um eventual incidente diplomático e religioso, Francisco não citou a violência contra a minoria muçulmana no seu discurso dirigido à líder civil de Myanmar e outras autoridades e diplomatas da capital, mas lamentou que as pessoas do país asiático sofram “e continuem a sofrer conflitos e hostilidades civis” e insistiu em que todos os que chamam de casa de Myanmar merecem ter os seus direitos humanos e dignidade garantidos.

Francisco expressou o seu apoio aos esforços de Suu Kyi para promover a reconciliação entre diferentes grupos após décadas de ditadura militar e insistiu que as diferenças religiosas na maioria dos países budistas nunca devem ser motivo de divisão ou desconfiança.

“O futuro de Myanmar deve ser a paz, uma paz baseada no respeito à dignidade e aos direitos de cada membro da sociedade, ao respeito por cada etnia e à sua identidade, ao respeito pelo Estado de Direito e ao respeito por uma ordem democrática que permita a cada indivíduo e todos grupos – nenhum excluído – oferecer a sua contribuição legítima ao bem comum”, disse.

Nos últimos meses, o chefe da Igreja Católica lamentou por várias vezes a situação da minoria muçulmana, que a ONU considera vítima de “limpeza étnica” na Birmânia.

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