A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou esta quinta-feira, 18 de setembro, o novo Relatório sobre o Estado dos Recursos Hídricos Globais, que confirma um agravamento das oscilações do ciclo da água, cada vez mais marcado por episódios de secas severas e enchentes.
Em 2024, apenas um terço das bacias hidrográficas do planeta registou condições normais, enquanto os restantes dois terços ficaram acima ou abaixo da média, prolongando um desequilíbrio que já dura seis anos consecutivos.
O relatório sublinha ainda que 2024 foi o terceiro ano consecutivo com perda generalizada de geleiras em todas as regiões, colocando muitas áreas com pequenas formações glaciais no chamado “ponto máximo de água”, após o qual o escoamento anual tende a diminuir. A seca severa na Bacia Amazónica, bem como em partes da América do Sul e da África Austral, contrastou com condições mais húmidas do que o normal em regiões da África, Ásia e Europa Central.
Segundo a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, os recursos hídricos estão sob “crescente pressão”, com riscos mais extremos e impactos cada vez mais fortes nas sociedades e economias. A dirigente alertou que “não se pode gerir o que não se mede”, defendendo mais monitorização e partilha de dados entre países.
O documento estima que 3,6 mil milhões de pessoas já não tenham acesso adequado à água durante pelo menos um mês por ano — número que poderá superar os 5 mil milhões até 2050, caso não haja medidas urgentes de adaptação e gestão sustentável.