O presidente russo, Vladimir Putin, manifestou dúvidas sobre a proposta de cessar-fogo de 30 dias, questionando as suas possíveis consequências para a segurança da Rússia e para o desenrolar do conflito na Ucrânia.
Durante uma conferência de imprensa em Moscovo, afirmou que a trégua deveria conduzir a uma “paz duradoura” e contemplar o que o Kremlin considera as “causas profundas” da invasão iniciada em 2022.
Entre os pontos destacados pelo líder russo, estariam a desmilitarização da Ucrânia e o seu compromisso com a neutralidade. Defendeu ainda que Kiev deveria suspender a mobilização de tropas e interromper a receção de apoio militar externo durante o período do cessar-fogo.
Além disso, considerou essencial esclarecer se a Ucrânia continuaria a mobilizar soldados, se novas armas seriam fornecidas ao país e se as unidades mobilizadas seriam treinadas nesse intervalo, frisando que estas questões necessitavam de resposta antes de qualquer acordo.
Putin demonstrou particular preocupação com a situação na região russa de Kursk, onde forças ucranianas terão realizado incursões em agosto de 2024.
Nos últimos dias, Moscovo afirmou ter recuperado uma parte significativa do território, incluindo a cidade de Sudzha.
O presidente russo alertou para o risco de que a suspensão das hostilidades permitisse a retirada das tropas ucranianas sem resistência, colocando em causa os avanços russos no terreno.
Apesar de expor as exigências do Kremlin, Putin não abordou a ocupação russa de territórios ucranianos nem mencionou as acusações de crimes de guerra atribuídas às tropas russas desde o início da ofensiva.
O conflito, que já se prolonga há quatro anos, continua sem sinais de uma solução negociada à vista.