Hezbollah acusado de utilizar porto de Beirute para tráfico de armas

De acordo com uma notícia transmitida pelo canal Saudita al-Arabiya, na semana passada, o Hezbollah estará a preparar uma nova forma de transporte de armas e dinheiro para o Líbano através do porto de Beirute.

Segundo o canal de televisão, esta informação foi veiculada por uma fonte de segurança ocidental anónima. O grupo xiita saiu substancialmente enfraquecido da guerra com Israel e, após ter perdido acesso às rotas por terra através da Síria – desde a queda do regime de Bashar al-Assad- e a abastecimentos por via aérea, especialmente após as restrições e proibições de voos provenientes do Irão até ao Líbano, poderá estar ativamente a buscar meios alternativos para se manter armado.

As acusações transmitidas pelo al-Arabiya, também replicadas nos meios de comunicação social Israelitas, foram desmentidas pelas autoridades Libanesas, que lançaram uma operação no terreno para investigar a alegada presença de armas no porto da capital, apontando que nenhum equipamento pertencente ao Hezbollah havia sido encontrado. Esta conclusão foi confirmada pelo Ministro das Obras Públicas e Transportes, Fayez Rasamny, que não só negou as acusações feitas pelo canal Saudita mas salientou ainda que o porto de Beirute é escrupulosamente controlado e vigiado pelas autoridades Libanesas.

Já no ano passado, o Hezbollah tinha sido acusado pelo jornal Britânico The Daily Telegraph de utilizar o aeroporto de Beirute para armazenar armas para combater Israel. A notícia lançou o pânico geral na população por receio de sofrer bombardeamentos no aeroporto, à imagem do que sucedeu na guerra de 2006. Também estas alegações nunca foram confirmadas e, apesar dos ataques davastadores em Beirute no ano passado, o aeroporto internacional saiu incólume às ofensivas militares Israelitas. 

Entretanto, o Hezbollah reagiu às alegações feitas pelo al-Arabiya, acusando o canal Saudita de difundir uma campanha de desinformação com o objetivo de prejudicar os interesses do Líbano.

Ainda na semana passada, o grupo xiita foi também acusado por Israel, através do porta-voz das forças Israelitas, Avichay Adraee, na sua conta da rede social X, de reconstruir uma base militar em Choueifat, a sudeste de Beirute. Porém, mais uma vez, as autoridades Libanesas indicaram que após investigar o terreno apontado por Adraee, apenas encontraram canalizações de esgoto no local, pertencentes a empresas industriais.

Estas notícias recentes têm criado um clima de medo e terror psicológico entre os Libaneses, que ainda estão a tentar recuperar da guerra devastadora que causou mais de 4 mil mortos, temendo o regresso de um conflito de grande escala com Israel. As acusações do armazenamento de armas do Hezbollah no porto de Beirute, em particular, trouxeram à memória o trauma coletivo causado pela explosão do dia 4 de Agosto de 2020, que matou 218 civis e destruiu grande parte do centro da capital Libanesa.

O processo de desarmamento do Hezbollah, um dos compromissos acordados pelo governo Libanês para o sucesso efetivo do cessar-fogo com Israel, está a ser cumprido, de acordo com Joseph Aoun, o Presidente do Líbano. Aoun elogiou recentemente a flexibilidade do grupo xiita em cooperar com o governo na entrega das suas armas, avançando ainda que o Hezbollah está preparado para seguir à risca um calendário (ainda por finalizar) com prazos concretos.

O tema do desarmamento do Hezbollah continuará a ser um ponto sensível e complexo neste processo de paz, já que o Exército Libanês não demonstrou ainda capacidades para garantir a segurança militar dentro do seu território caso haja uma invasão e Israel continua a ocupar ilegalmente cinco pontos estratégicos no sul do Líbano.

João Sousa, a partir de Beirute para a e-Global

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