Israel insiste em normalizar relações com o Líbano, apesar de violações do cessar-fogo

Na quinta-feira da semana passada, Gideon Saar, Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, confirmou que Tel Aviv tenciona normalizar as relações com o governo do Líbano.

Estas afirmações surgem no rescaldo de dois ataques israelitas, em Beirute, durante o Ramadão, que causaram destruição de várias residências e reavivaram o trauma coletivo no povo libanês, que teme que a guerra total possa retornar.

Saar admitiu que embora as negociações já estejam em curso, o governo libanês poderá considerar qualquer proposta prematura dada a fragilidade do cessar-fogo e das constantes agressões por parte das forças militares israelitas.

Saar realçou ainda que para que a normalização com o Líbano seja bem sucedida, o governo liderado por Joseph Aoun terá de garantir o total desarmamento do Hezbollah. Este ponto foi reforçado pela Enviada Especial Adjunta dos EUA, Morgan Ortagus, que visitou o Líbano na sexta-feira para se reunir com o Presidente Libanês.

Ortagus, uma defensora acérrima do regime israelita, discutiu vários pontos com Aoun e os restantes oficiais libaneses e elogiou o executivo de Beirute pela sua diversidade e visão reformista. A Enviada Especial garantiu ainda que os EUA continuarão a apoiar o Exército Libanês através de treino, financiamento e equipamento militar. Contudo, deixou um ultimato na mesa de conversações: ou o Líbano desarma o Hezbollah o mais rapidamente possível ou sofrerá as consequências da ausência de apoio norte-americano, sem no entanto avançar com um prazo-limite específico.

A guerra entre Israel e o Hezbollah, que teve início em outubro de 2023, devastou diversas áreas do Líbano, causando mais de 4 mil mortos, dezenas de milhares de feridos e mais de um milhão de pessoas internamente deslocadas. Apesar do cessar-fogo de novembro do ano passado, que Israel violou mais de mil vezes, as forças Israelitas continuam a ocupar 5 zonas específicas dentro do Líbano e não cessaram os bombardeamentos e assassínios de civis nas regiões sul e este do território libanês.

João Sousa, a partir do Líbano para a e-Global

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