De acordo com uma declaração recente pelo Presidente do Líbano, Joseph Aoun, os combatentes oficiais do Hezbollah poderão integrar-se no Exército Libanês. Aoun clarificou que esta decisão vem na sequência de negociações com líderes e representantes de outros partidos políticos dentro do Líbano após o cessar-fogo com a Israel.
Esta concessão está alinhada com dois pontos essenciais na fase corrente de reformas políticas instigadas pela nova presidência e executivo libaneses: por um lado, o processo de desarmamento do grupo xiita; por outro, a reabilitação laboral necessária dos seus milhares de combatentes, que face à anulação planeada da componente militar do Hezbollah, terão de continuar integrados no mercado de trabalho.
Aoun tem demonstrado grande otimismo nas negociações com os dirigentes do partido xiita e acredita que a integração dos seus combatentes no exército nacional poderá abrir mais portas para diálogos construtivos no sentido de criar unificação entre os vários protagonistas sectários no Líbano.
Porém, esta decisão gerou reações negativas entre alguns jornalistas e ativistas Libaneses críticos do Hezbollah, tal como Kinda el-Khatib, que apontaram o dedo a Aoun por querer proteger membros de um partido que “arrastou o Líbano para duas guerras devastadoras” e que “tem servido os interesses do Irão”.
Esta possibilidade de integrar os combatentes do Hezbollah no exército não foi a única fonte de polémica; no próprio grupo xiita, o clérigo Jaafarite Mufti Ahmad Kabalan ameaçou que o desarmamento do Hezbollah sem uma alternativa militar realista para fazer face às ameaças de Israel no futuro poderá criar uma reação explosiva dentro do Líbano.
Contudo, o governo Libanês, e em particular, Joseph Aoun, acredita que tanto o desarmamento do Hezbollah como a integração dos seus combatentes no exército (incluindo programas de treino) são dois processos concretizáveis e fundamentais para o futuro sustentável e pacifico do Líbano.
João Sousa, a partir do Líbano para a e-Global