A violência na antiga província de Kasai, na República Democrática do Congo (RDC), desencadeada pela milícia Kamuina Nsapu, foi motivo para uma reunião da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra esta quarta-feira, 22 março.
Enquanto as autoridades congolesas confirmam a violência, o indiciamento de sete militares por crimes contra a humanidade e a investigação de duas valas comuns na antiga província de Kasai, as Nações Unidas, por sua vez, estão preocupadas com a alegada existência de pelo menos 17 valas comuns no centro e parte oriente do Kasai, assim como com os entraves ao acesso a esses locais e ao exercício do seu mandato.
Pelo menos 99 civis morreram entre janeiro e fevereiro, incluindo 18 crianças, por sua suposta participação na milícia Kamuina Nsapu. O Comité dos Direitos Humanos da ONU fala de graves violações dos direitos humanos no Kasai, como evidenciam as 10 valas comuns já mapeadas entre Tshimbulu e Nkoto.
O Secretário-Geral Adjunto para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour garante que há mais valas comuns e denunciou os obstáculos ao trabalho dos investigadores da ONU que chegaram a ser ameaçados por agentes da segurança.
A ministra dos Direitos Humanos, Marie-Ange Mushobekwa por sua vez, reconheceu que houve deslizes no exército, mas, reiterou que não houve ordens para matar civis desarmados e garantiu que tais atos não ficarão impunes, lembrando a investigação iniciada pela justiça militar com o indiciamento de sete militares por crimes contra a humanidade.
As autoridades também prometeram realizar um julgamento público para julgar os responsáveis.
A Comissão dos Direitos da Humano da ONU, apelaram mais uma vez para o estabelecimento de uma comissão internacional de inquérito para o Kasai, dado o elevado número de valas comuns.