Entrevista ao Embaixador guineense em Lisboa, Hélder Vaz Lopes

GB Bissau

O embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz Lopes, não se cansa de repetir que o país está diferente. “As pessoas não têm a perceção disso, de que a Guiné está a mudar rapidamente”, assegura.

Ao e-global.pt, Hélder Vaz, garantiu que o governo encabeçado por Umaro Sissoco Embaló, Presidente recém-eleito e reconhecido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental – CEDEAO, já fez “melhorias significativas na reabilitação de vias urbanas e interurbanas a nível nacional e nos serviços de saúde, acrescentando que “a transformação começou a iniciar-se logo em maio, junho nos hospitais, em especial ao nível da alimentação”, contudo, argumenta, “quando não há instabilidade, golpes políticos, não se fala da Guiné”.

Perante as queixas feitas por organizações da sociedade civil guineense que apontam graves atentados à liberdade de expressão no país, o embaixador refere que há guineenses “que se especializaram a falar mal do país” e que “vivem no passado.”

Depois de vários anos de instabilidade política, que tem minado o desenvolvimento social e económico do país, o apoio de instâncias internacionais tem sido fulcral. No entanto, Hélder Vaz afirma que “a Guiné tem recursos próprios”. O problema – advoga novamente – foi o projeto governativo do PAIGC. “As riquezas estão lá; os fosfatos, ouro, ferro, capacidade de produção agrícola, petróleo, mas houve sempre falta de iniciativa política.”

 

Cooperação portuguesa.

  

O primeiro ministro português, António Costa, foi obrigado a adiar a primeira visita oficial do primeiro ministro português a este país lusófono, no âmbito de um ambicioso plano estratégico entre os dois países. Para Hélder Vaz, a visita de vários chefes de estado ao país, representa credibilidade e Portugal é o parceiro europeu privilegiado. “Queremos fazer uma pareceria comercial sustentável, que seja a base para uma caminhada conjunta para uma nova forma de cooperação.”

No próximo encontro estratégico um dos eixos fundamentais “será a divulgação da língua portuguesa na região, que assente no apoio de Portugal para desenvolver capital humano na área da saúde e educação”, por outro lado, que se possa contar com o apoio às grandes reformas, “nomeadamente na reforma da administração pública, do poder local e da justiça, principalmente no domínio da segurança para combater o crime internacional organizado” e, por fim, “trabalhar um modelo inovador de cooperação económica que permita a promoção das exportações das empresas portuguesas e que permita a qualificação dos trabalhadores guineenses através da complementaridade de fabrico, fazendo com que se exporte para o mercado em que estamos inseridos, um mercado único com cerca de 380 milhões de consumidores.”

 

Perante o discurso de instabilidade política que indelevelmente se associa à Guiné, o embaixador contrapõe essa tónica com um discurso virado para o futuro, destacando que têm sido realizados vários encontros bilaterais com outros países e que a Guiné-Bissau hoje é um país com credibilidade.

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