A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) do Brasil informou que, o mês de maio teve, uma faturação de 36,12 mil milhões de reais (cerca de sete milhões de euros), o maior volume de receitas registado para o mês desde 2014. O aumento relativamente ao período homólogo foi de 8,6% e 4% comparativamente a abril deste ano.
De acordo com a CNC, que acredita que o segmento vai registar uma acentuada subida em comparação a 2022, a média de fluxo de aeronaves, nos dez maiores aeroportos do Brasil, voltou ao nível observado antes da pandemia. Os aeroportos Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Congonhas, em São Paulo, lideraram o avanço, com aumento de voos em 49% e 16%, respetivamente. No entanto, o Aeroporto Internacional do Galeão, também no Rio de Janeiro, teve um movimento 60% abaixo do período pré-pandemia.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que o turismo está a retomar a sua faturação com empregabilidade, desenvolvimento de novos negócios e atração de investimentos estrangeiros. O responsável atribuiu o bom desempenho do setor em maio ao fortalecimento do negócio da aviação e às circunstâncias atuais. “Viajar para o exterior está muito caro e a oferta de produtos turísticos brasileiros está em alta, fortalecendo o turismo interno. Além disso, o câmbio favorável e a infraestrutura voltada ao turismo internacional tornam o Brasil uma opção atrativa para viajantes estrangeiros”, analisou Tadros.
O crescimento do setor também reflete-se nos números do mercado de trabalho. O saldo entre demissões e contratações revelou a criação de 9 600 postos de trabalho em relação a abril de 2023.
A CNC projeta que o setor gere mais de 100 mil novos empregos este ano. Desde outubro de 2020, registou-se um aumento do número de contratações. Os segmentos que mais contrataram foram os serviços culturais (aumento de 17,1%) e aluguer de veículos (crescimento de 13,3%).
Alexandre Sampaio, coordenador do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da CNC, aponta que há um crescimento exponencial das vagas oferecidas. “Temos visto muitas oportunidades para o primeiro emprego e uma falta de mão de obra especializada para trabalhar no turismo”, explicou Sampaio, que referiu que “isso é um bom problema porque são vagas sazonais que acabam se tornando permanentes”.
O estudo da CNC também mostra que havia 58,6 mil estabelecimentos turísticos ativos (serviços culturais e de hospedagem, bares e restaurantes, transporte de passageiros, aluguer de veículos, agências de viagem, entre outras) no Brasil, em maio – um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, afirma que este fator revela um ambiente favorável aos negócios turísticos no Brasil. “Há uma ampliação dos investimentos estrangeiros na infraestrutura para atender à crescente demanda tanto do mercado interno quanto dos viajantes internacionais”, avaliou Bentes.
Os serviços que mais cresceram foram aluguer de veículos (12,4%), serviços culturais (11,5%) e bares e restaurantes (10,9%). As estatísticas excluem os Microempreendedores Individuais (MEIs), equivalente à empresa em nome individual em Portugal.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), até maio e acumulado nos 12 meses, registou uma alta de 2,95%. No entanto, o avanço médio dos preços no setor de turismo foi de 6%. Os maiores aumentos foram registados nos preços de pacotes turísticos (10,5%) e hospedagens (15,8%). A boa notícia é que os custos dos transportes por aplicação tiveram uma queda de 4,6% para o consumidor.
Ígor Lopes
