Guiné-Bissau: Militares em pé de guerra com acusações “infundadas” de José Mário Vaz

As chefias militares da Guiné-Bissau, com o CEMGFA Biague Nantam à cabeça, estão a ponderar a apresentação de um protesto formal escrito ao presidente da República José Mário Vaz, depois de este os ter acusado de participação em actividades de narcotráfico.

As acusações de Mário Vaz foram feitas em reunião no EMGFA na passada sexta-feira, depois de ter sido conhecida a notícia de que a pista do aeródromo de Cufar, sul da Guiné-Bissau, tinha sido limpa dos obstáculos colocados pelas autoridades guineenses, e estava operacional para o levantamento e descolagem de aviões.

No passado recente da Guiné-Bissau, Cufar foi o principal pólo das aterragens de aeronaves com carregamentos de cocaína, beneficiando não só da proximidade fronteiriça com a Guiné Conacri, como também da completa inoperância dos comandos militares e de segurança na região.

Na reunião da passada sexta-feira, na qual estiveram presentes não só os chefes de ramos mas também todos os comandantes de de batalhão e de zonas militares, José Mário Vaz afirmou saber que os responsáveis pela limpeza não autorizada da pista em Cufar estavam presentes na sala, sem contudo revelar os nomes dos envolvidos. Exigiu também que os responsáveis militares envolvidos nessa operação de narcotráfico se apresentassem ao CEMGFA para serem detidos.

A e-Global sabe que até ao momento, nenhum militar aceitou ser responsabilizado por estas acusações de José Mário Vaz. Pelo contrário, o facto de não ter apresentado quaisquer provas, estão a provocar uma forte indignação nos quartéis de Bissau, com José Mário Vaz a ser acusado de querer instrumentalizar esta situação para substituir militares que não lhe são favoráveis por outros mais leais, tendo em vista a situação de permanente crise política em que a Guiné-Bissau se encontra.

Dada a gravidade da situação, as chefias militares da Guiné-Bissau pretendem apresentar um protesto formal escrito à Presidência da República por acusações infundadas, pedindo a José Mário Vaz a “contenção nas palavras dado o momento sensível pré-eleitoral que a Guiné-Bissau atravessa sob pena do presidente perder toda e qualquer legitimidade para ser o comandante em chefe das FARP”, lê-se num documento que circula já em alguns quartéis.

Rodrigo Nunes – Correspondente em Dakar

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