O engenheiro Nuno Gomes Nabiam, líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), anunciou oficialmente a sua desistência das eleições presidenciais e legislativas marcadas para 23 de novembro de 2025, decisão que reconfigura o tabuleiro político nacional a poucas semanas do início da campanha.
A decisão, formalizada através de duas cartas dirigidas ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), datadas de 7 de outubro. As missivas, assinadas e autenticadas notarialmente, comunicam, de forma inequívoca, a retirada de Nabiam da corrida presidencial e a desistência do APU-PDGB das legislativas, ao abrigo dos artigos 107.º e 135.º da Lei n.º 10/2013, de 25 de setembro.
Numa das cartas, Nuno Nabiam informa, “a título pessoal”, a sua saída da disputa presidencial, sem justificar a decisão. Na segunda, assinada enquanto Presidente da APU-PDGB, o dirigente comunica igualmente a retirada da candidatura parlamentar do partido. A ausência de explicações formais alimentou especulações políticas nas redes sociais e nos bastidores partidários.
De acordo com diversas fontes, a decisão de Nabiam está ligada à sua adesão à Plataforma Republicana “Nô Kumpô Guiné”, um movimento político que apoia a reeleição do Presidente Umaro Sissoco Embaló. A mudança representa um reposicionamento estratégico significativo de uma das forças que tem marcado a paisagem política guineense.
Criada em 2014, a APU-PDGB participou em todas as eleições realizadas desde então, tendo integrado o Governo em 2020 através de uma coligação que propulsionou Nabiam ao cargo de Primeiro-Ministro. A sua retirada marca um ponto de viragem na trajetória do partido.
Recorde-se que Nuno Gomes Nabiam concorreu duas vezes à Presidência da República. Em 2014, quando foi derrotado na segunda volta por José Mário Vaz, e em 2019, ficando em terceiro lugar, atrás de Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló.
A decisão de abdicar de nova candidatura surpreende parte do eleitorado e abre espaço para novas alianças entre forças políticas, num contexto já marcado pela possível exclusão definitiva das coligações PAI Terra Ranka e API Cabas Garandi do processo eleitoral.
A desistência de Nuno Nabiam acontece pouco depois de a APU-PDGB reconhecer Félix Nandunguê como presidente legítimo do Partido da Renovação Social (PRS), sinalizando uma aproximação entre formações tradicionalmente concorrentes, num cenário de crescente realinhamento político em torno da figura do atual Chefe de Estado.
A campanha eleitoral arranca a 2 de novembro, antecedendo o dia de reflexão marcado para 22, e as eleições gerais previstas para 23 de novembro.