A representação da Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) na Guiné-Bissau destacou a colaboração do governo guineense, através da Polícia Judiciária, no combate ao tráfico de drogas, salientando a transferência de quatro membros de cartéis de droga para o estado da Flórida, nos Estados Unidos, a 16 de Abril.
Em comunicado divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira, 18 de Abril, a representação diplomática norte-americana informou que os detidos, já julgados e condenados na Guiné-Bissau, foram transferidos para os Estados Unidos, onde deverão “enfrentar acusações nos tribunais norte-americanos”.
Segundo a nota, a transferência resultou de uma investigação conjunta entre a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau e a DEA (Drug Enforcement Administration), que levou à detenção dos indivíduos e à apreensão de 2,6 toneladas de cocaína, traficadas da Venezuela para a Guiné-Bissau em Setembro de 2024.
O embaixador dos EUA na Guiné-Bissau, Michael Raynor, afirmou que “este esforço reflecte o compromisso de ambos os governos em proteger os nossos países e os nossos povos do flagelo do tráfico de droga”. Raynor expressou ainda gratidão à Presidência da Guiné-Bissau, ao Ministério da Justiça e à Polícia Judiciária pela “extraordinária colaboração”.
A Embaixada sublinhou que o governo guineense considerou a parceria entre a Polícia Judiciária e a DEA fundamental para levar os traficantes à justiça. “A nossa cooperação na aplicação da lei mantém os povos da Guiné-Bissau e dos Estados Unidos mais seguros e protegidos”, conclui a nota.
Segundo fontes oficiais, os quatro transferidos são dois cidadãos mexicanos, um colombiano e um equatoriano, todos condenados a 17 anos de prisão na Guiné-Bissau por tráfico de droga agravado e utilização ilícita de aeronave. A transferência ocorreu apesar de não existir acordo formal de extradição entre os dois países, tendo sido justificada por razões de segurança e pela fragilidade do sistema prisional guineense para lidar com este tipo de detidos.
A operação contou ainda com a colaboração da Interpol e do Centro de Operações contra Narcóticos e Análise Marítima (MOAC-N), desde a apreensão da droga no aeroporto Osvaldo Vieira até à sua incineração, em Setembro de 2024.
Activista guineense exige explicações
O activista guineense e Coordenador do Movimento Civil Frente Popular, Armando Lona, exige explicações sobre as extradições de cidadãos estrangeiros detidos e condenados pelo tráfico de droga para os Estados Unidos da América.
“Exigimos uma explicação cabal do filme de ontem, a aterragem em plena luz do dia de aviões da DEA no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira com uma missão concreta: levar para os Estados Unidos da América os presos latinos americanos condenados em primeira instância por envolvimento no tráfico de 2,6 toneladas de droga”, escreveu Armando Lona.
“Um suposto comunicado, a circular nas redes sociais, atribuído à Polícia Judiciária (PJ), sem carimbo e assinatura, não esclarece nada, até porque não é da sua competência. Conhecendo o profissionalismo e a eficiência da PJ guineense, duvida-se que essa suposta nota seja da sua autoria”, anotou o activista guineense, que lembra que “na legislação guineense não existe extradição administrativa”.