O ministro da Defesa Nacional de Moçambique, Jaime Neto, admitiu que existem fragilidades nas fronteiras nacionais. Esta falha tem permitido, segundo o próprio, a entrada de armas ilegais no país, usadas por terroristas na província de Cabo Delgado.
As declarações foram feitas neste domingo, 06 de dezembro, na cimeira extraordinária da União Africana. O governante defendeu que questões sobre a paz mereciam intervenção imediata, tendo falado sobre a situação do país que representa.
“A porosidade das nossas fronteiras facilita o tráfico de armas ligeiras que são usadas por grupos criminosos, terroristas e extremistas para perpetrar actos de violência, causando destruição, morte e dor nas comunidades, impedindo as populações de se beneficiar dos dividendos da paz na forma de emprego, educação, saúde, segurança e uma subsistência condigna”, disse.
Durante a sua intervenção defendeu ainda que assuntos sobre segurança mereciam intervenção imediata, sob risco de acabar em tragédias. Para justificar esse ponto de vista, recorreu a estatísticas do continente e de Moçambique.
“O trabalho em prol da paz não pode ser adiado ou mesmo relegado para segundo plano. Apesar de melhorias na situação de estabilidade no continente, na última década, continuamos a registar várias formas de violência e conflitos armados”, começou por referir.
“De acordo com estimativas divulgadas recentemente, entre 2013 e 2017, os conflitos armados terão provocado mais de 27 mil mortos e avultados danos materiais no continente. Só no meu país, desde 2017 registámos cerca de 1.100 óbitos associados à violência armada”, concluiu.
“Como país estamos a equacionar a introdução de algumas medidas e iniciativas com vista a socializar o roteiro para o silenciar das armas, através da criação de uma unidade para o silenciar de armas; socialização da declaração de Joanesburgo – que prevê a prorrogação da implementação do roteiro da União Africana sobre as medidas práticas para silenciar as armas em África, por um período adicional de 10 anos – no âmbito da nossa presidência na SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e incorporação deste lema no âmbito da nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2023-2024. É chegada a altura de usar esta iniciativa para, de uma vez por todas, desmistificar a narrativa recorrente que associa o nosso continente à violência”, finalizou.