Apesar da redução no número de incêndios em 2024, a área ardida em Portugal foi quatro vezes superior à registada no ano anterior, totalizando mais de 137 mil hectares – mais do dobro da meta anual definida pelo Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR). Segundo a associação ambientalista ZERO, o incendiarismo foi responsável por 84% da área queimada, revelando um problema estrutural que continua a ser negligenciado pelas políticas públicas.
O balanço da ZERO, divulgado no arranque do “nível Charlie” – o período mais crítico de risco de incêndio, entre 1 de julho e 30 de setembro –, alerta ainda para a escalada dos grandes incêndios. Em 2024 registaram-se 35 ocorrências com mais de 500 hectares, face às apenas três verificadas em 2023. Estes grandes fogos representaram mais de 80% da área ardida e contribuíram para a morte de 16 pessoas, entre as quais nove operacionais.
A associação critica a ausência de medidas concretas para lidar com o perfil social dos incendiários, que envolve frequentemente exclusão social, alcoolismo e perturbações mentais. O relatório oficial limita-se a mencionar detenções e ações policiais, sem qualquer referência a programas de reabilitação, reintegração ou apoio de saúde mental. Para a ZERO, esta abordagem centrada apenas na punição está condenada ao fracasso.