A Amnistia Internacional (AI) acusou hoje as forças armadas (FA) nigerianas de executarem a tiro mais de 350 muçulmanos xiitas e de terem tentado eliminar as provas do crime.
A AI afirma que as suas investigações concluíram que os militares atuaram ilegalmente ao dispararem indiscriminadamente contra manifestantes desarmados.
“O exército nigeriano queimou pessoas vivas, destruiu edifícios e despejou os corpos das vítimas em valas comuns”, denunciou a AI. A maior parte das provas foi “meticulosamente destruída”, refere o relatório que acusa os militares de tentarem encobrir a carnificina, limitando o acesso aos locais onde decorreu o conflito.
“Os corpos foram levados, os edifícios arrasados, os escombros removidos, as manchas de sangue lavadas e os cartuchos das munições disparadas foram recolhidos nas ruas”, descreve o relatório.
Pelo seu lado, as militares, que têm sido várias vezes acusados de abusos contra civis na luta que contra o grupo muçulmano sunita jihadista Boko Haram, alegam que as tropas atuaram de forma apropriada, depois de o veículo que transportava o chefe do esta maior do exército, General Tukur Buratai, ter sido atacado com um cocktail molotov e ter incendiado. O IMN, todavia, nega estas acusações.
A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos contestou também alegações das forças armadas segundo as quais manifestantes do Movimento Islâmico da Nigéria (IMN, na sigla em inglês) quiseram matar o chefe de Estado Maior das FA antes dos confrontos em dezembro último.
O porta-voz do ministério nigeriano da Defesa, general brigadeiro Rabe Abubakar, considerou injusto o relatório da Amnistia, com o argumento de que os militares não foram consultados antes da sua publicação.