Jean-Pierre Bemba, presidente do Movimento de Libertação do Congo (MLC) apelou, em Bruxelas, a uma “candidatura única da oposição”, dizendo que irá dialogar com os outros líderes da oposição a Joseph Kabila, presidente da República Democrática do Congo (RDC), incluindo Moïse Katumbi, que está exilado desde 2016.
Bemba declarou que: “Tenho um programa a apresentar, que escrevi em Haia”, sublinhando a sua experiência política e na aérea da segurança.
O presidente do MLC acrescentou que: “A Constituição é clara: o presidente Kabila já não pode candidatar-se. Se o fizer, será um desastre para o país”.
Bemba regressa à RDC a 1 de agosto próximo para “ver onde foi enterrado o meu pai e apresentar a minha candidatura à eleição presidencial”, sendo que a Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) abriu ontem, em Kinshasa, o registo das candidaturas para as eleições previstas para 23 de Dezembro, registo que irá decorrer até 8 de agosto.
No congresso do MLC, que ocorreu a 13 de julho, Jean-Pierre Bemba foi eleito como candidato do partido para as eleições presidenciais previstas para 23 de dezembro próximo.
Refira-se que o Tribunal Penal Internacional (TPI) decidiu, no mês passado, a libertação provisória de Jean-Pierre Bemba, ex-vice-presidente da RDC, tendo este sido absolvido no processo em que era acusado de crimes de guerra e contra a humanidade.
Segundo o comunicado do TPI: “A primeira instância do Tribunal Penal Internacional (TPI) ordenou a libertação provisória sem condições específicas de Jean-Pierre Bemba”, pondo fim a mais de uma década de detenção em Haia, tendo concluído que a condenação em primeira instância, em 2016, não comprovou na totalidade a responsabilidade de Bemba nas acusações de que foi alvo.
Em 2016, Bemba foi condenado a 18 anos de prisão, tendo sido considerado responsável por uma força militar congolesa que matou, violou e procedeu a pilhagens na República Centro-Africana entre outubro de 2002 e março de 2003.
A pena de 18 anos foi a maior pena aplicada pelo TPI, em que o seu processo foi o primeiro que centrou as investigações em violações sexuais como crimes de guerra e contra a humanidade.
A libertação do ex-vice-presidente da RDC obedece a condições específicas, como abster-se “de fazer declarações públicas sobre este caso ou contactar qualquer testemunha”, bem como “não mudar o seu endereço sem comunicação e estar disponível se o tribunal de primeira instância o exigir”.
Quanto a Moïse Katumbi, líder da oposição a Kabila, no exílio desde 2016, este reuniu-se em março passado, na África do Sul, com representantes da oposição congolesa, com o objectivo de delinear uma estratégia para as eleições presidenciais de dezembro.
À data, Katumbi declarou que: “O que nos traz aqui é a rejeição da ditadura que criou raízes em nosso belo país e o desejo de construir um mundo melhor para nossos compatriotas”, acrescentando que: “Juntos vamos ajudar a construir a alternativa para o futuro e mostrar aos congoleses que eles não estão sozinhos”.
Moïse Katumbi é um empresário e ex-governador da província de Katanga, na RDC, bem como presidente do maior clube de futebol do país, o TP Mazembe.