Depois de se recusar a participar da conferência dos doadores da ONU sobre a RDC, que acontece nesta sexta-feira em Genebra, na Suíça, o governo da RDC rejeita a quota-parte da ajuda humanitária da Bélgica, que já desbloqueou mais 11,6 milhões de dólares dos 18 milhões prometidos, até hoje. A ONU espera conseguir um total de 1,68 mil milhões.
O ministro congolês dos Negócios Estrangeiros, Leonard She Okitundu, ameaçou as ONGs que aceitarem dinheiro de serem proibidas de trabalhar no país, informa a revista Jeune Afrique no seu site.
“As ONGs que receberem esse dinheiro não poderão trabalhar no nosso país”, adverte o chefe da diplomacia congolesa. “A Bélgica decidiu romper unilateralmente a sua cooperação bilateral connosco, seguiremos essa lógica.”
A ONU e a União Europeia realizam a primeira campanha de alto nível intergovernamental para angariar mais ajuda humanitária para o Congo, mas o governo do país centro-africano diz que o esforço prejudica a imagem do país.
A medida irritou grupos religiosos e organizações da sociedade civil no Congo. “Além das estatísticas, é crucial que os necessitados sejam ajudados”, disse o vice-secretário geral da Conferência Episcopal Nacional do Congo, Andre Masinganda. “É aqui que entra o apoio internacional”.
Desde o início de 2017, cerca de 600 mil congoleses fugiram da violência e da instabilidade para outros países da região. Além disso, cerca de 4,3 milhões de pessoas estão agora deslocadas internamente, estima o OCHA, o gabinete da ONU responsável pela coordenação dos assuntos humanitários. A República Democrática do Congo também abriga cerca de 500.000 refugiados de outros países.
A ONU alertou em março que a crise na RDC estava num “ponto de rutura”, mas o Ministro das Comunicações da RDC, Lambert Mende, disse que as organizações internacionais estavam deliberadamente “representando erroneamente” o número de refugiados para obter um “orçamento colossal”. “Não chamamos isso de apoio internacional, chamamos de ajuda humanitária de marketing”.